29 de dezembro de 2010

Eustáquio e a Morte do Dragão Orgulho

No livro de C. S. Lewis para crianças A Viagem do Peregrino da Alvorada, um dos personagens principais é um tirano aprendiz, um garoto chamado Eustáquio Mísero. Sua evidente ambição de poder se expressava das formas mais maldosas e mesquinhas para um garoto de escola: provocando colegas, torturando animais, fazendo fofocas e buscando a simpatia de autoridades adultas. 

Certa noite, Eustáquio encontrou uma enorme pilha de tesouros em uma caverna. Ficou exultante e começou a imaginar a vida de conforto e poder que agora teria. Quando acordou, porém, para seu horror, havia se transformado em um horrendo dragão. "Ao dormir sobre o tesouro do dragão com pensamentos ambiciosos e dragonescos no coração, virou um dragão".¹

Tornar-se um dragão foi uma "consequência cósmica natural". Porque pensava como um dragão, ele se tornou um. Quando colocamos nosso coração no poder, tornamo-nos predadores insensíveis. Transformamo-nos no que idolatramos.

Eustáquio era agora um ser muito poderoso, muito mais do que jamais sonhara, mas também era temível, medonho e completamente só. É claro que isso é o que o poder faz conosco quando buscado como um fim em si. O choque da transformação humilhou Eustáquio e ele desejou ser um garoto normal novamente. Quando o orgulho se esvaiu, a idolatria do seu coração começou a ser curada.

Certa noite, o dragão Eustáquio encontrou um leão misterioso. O leão o desafiou a se "despir", a tentar tirar sua pele de dragão. Ele conseguia descascar uma camada, mas descobriu que ainda havia um dragão por baixo dela. Tentou fazer isso várias vezes, mas não obteve progresso algum. O leão finalmente disse:

"Você terá de me deixar despi-lo." Eu tinha medo das garras dele, posso lhe dizer, mas estava à beira do desespero. Então me deitei no chão para deixá-lo fazer isso. O primeiro rasgo que ele fez foi tão profundo que pensei ter atingido meu coração. E, quando ele começou a puxar a pele, doía mais do que qualquer coisa que eu já houvesse sentido. [...] Bem, ele retirou toda a casca animalesca --- da mesma forma que eu julgava já ter feito por três vezes, com a diferença de que não havia doído --- e lá estava ela na grama: mas muito mais espessa, escura e empelotada que das outras vezes. E lá estava eu, macio e suave como um pêssego, e menor que antes. [...] Eu era um menino novamente.²

O leão do conto de fadas, Aslam, representa Cristo, e a história dá testemunho do que todos os cristãos descobriram: que o orgulho leva à morte, ao colapso, à perda da humanidade. Mas se você deixa que isso o humilhe em vez de amargurá-lo e se volta para Deus em vez de viver para sua própria glória, então a morte de seu orgulho pode levar à ressurreição. Você pode emergir, enfim, completamente humano, com um coração terno em vez de um coração duro.

Timothy Keller, Deuses Falsos, pp. 113-114 (Rio de Janeiro, Thomas Nelsom Brasil, 2010) 

_________________________________
1. C. S. Lewis, As Crônicas de Nárnia: A viagem do peregrino da alvorada (São Paulo, Martins Fontes, 2003.



2. Lewis, idem.





O comentário de Tim Keller em sua análise dos ídolos do poder e da glória demonstra que a belíssima cena que aparece na adaptação que chegou nesse mês nas telas do cinema nem consegue captar toda a profundidade do que encontramos nos livros. 

O site da Christianity Today esteve presente num evento em fevereiro que contou com a participação da equipe de produção do filme e 100 líderes, onde eles mostraram vídeos de Peregrino da Alvorada e falaram sobre todo o roteiro e publicou um extenso relato sobre o que viu. Segundo a matéria "Kathy Keller, esposa do pastor sênior da Igreja Presbiteriana do Redentor, Tim, sem dúvidas tem laços pessoais com Nárnia: ela se correspondeu com Lewis quando adolescente (quatro das respostas dele estão no livro C. S. Lewis’ Letters to Children), tornou-se cristã apenas como resultado da leitura de Lewis, escreveu sua tese da faculdade com o tema “C. S. Lewis’ Mythopoetic Understanding of Literature” [em tradução livre "Mitopoética compreensão da literatura de C.S. Lewis"], e hoje agradece ao autor “como meu mentor pessoal, meu padrão de comparação para uma escrita clara e eficaz, e minha posse privada”.

27 de dezembro de 2010

Tim Keller e a Missão Urbana Global de Deus


What is God’s Global Urban Mission? from Redeemer City to City on Vimeo.
* * *


Esses vídeos são registros da participação de Timothy Keller no Congresso Cape Town 2010 do Movimento Lausanne, realizado em outubro passado, na África do Sul. Tim Keller falou sobre "Megacidades" e “Abraçando a Missão Urbana Global de Deus”. 

Comentários sobre o Congresso Lausanne podem ser lidos no site da Editora Ultimato.

Este texto foi escrito por Tim Keller para dar um panorama geral do tópico discutido nas sessões do congresso.

O autor de vários livros, incluindo A Fé na Era do Ceticismoo Deus Pródigo, e Deuses falsos, é conhecido por sua habilidade para vencer os nova-iorquinos cético à fé e à parceria com outras igrejas para o ministério de misericórdia e de plantação de igrejas. 

Ele é o pastor sênior da Redeemer Presbyterian Church , em Nova York e também ajuda a levar  Redeemer City to City (antigo Redeemer Church Planting Center) - uma organização que se concentra em plantação de igrejas para a renovação das cidades globais e recursos de conteúdos para os líderes que querem trazer o poder do Evangelho a toda a parte da vida, a fim de catalisar e servir a um movimento global de líderes que criam novas igrejas, novos empreendimentos e novas expressões do Evangelho de Jesus Cristo para o bem comum. 



Mais recursos:



21 de novembro de 2010

O Pior Pecado - C. S. Lewis

"Para encerrar, apesar de eu ter falado bastante a respeito de sexo, quero deixar tão claro quanto possível que o centro da moralidade cristã não está aí. Se alguém pensa que os cristãos consideram a falta de castidade o vício supremo, essa pessoa está redondamente enganada. Os pecados da carne são maus, mas, dos pecados, são os menos graves. Todos os prazeres mais terríveis são de natureza puramente espiritual: o prazer de provar que o próximo está errado, de tiranizar, de tratar os outros com desdém e superioridade, de estragar o prazer, de difamar. São os prazeres do poder e do ódio. Isso por que existem duas coisas dentro de mim que competem com o ser humano em que devo tentar me tornar. São elas o ser animal e o ser diabólico. O diabólico é o pior dos dois. E por isso que um moralista frio e pretensamente virtuoso que vai regularmente à igreja pode estar bem mais perto do inferno que uma prostituta. E claro, porém, que é melhor não ser nenhum dos dois."
(contexto)


"De acordo com os mestres do Cristianismo, o pecado principal, o supremo mal, é o orgulho. A falta de pureza, a ira, a ganância, a embriaguez e tudo o mais, em comparação com ele, são ninharias. Foi pelo orgulho que o demônio tornou-se o demônio. O orgulho conduz a todos os outros pecados: é o mais completo estado de alma anti-Deus."




8 de novembro de 2010

O futuro do movimento de Lausanne

René Padilha

Os números relacionados com o Terceiro Congresso Internacional de Evangelização Mundial — que aconteceu na Cidade do Cabo, África do Sul, de 17 a 24 de outubro, sob o tema “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5:19) — são impressionantes. Estiveram presentes mais de 4 mil participantes de 198 países. Além disso, houve cerca de 650 sites de Internet conectados com o Congresso em 91 países e 100 mil “visitas” de 185 países. Isto significa que milhares de pessoas de todo o mundo puderam assistir às sessões por meio da Internet. Doug Birdsall, o presidente executivo do Movimento de Lausanne, provavelmente tem razão em afirmar que Cidade do Cabo 2010 foi “a assembleia evangélica global mais representativa da história”. Sem dúvida, este resultado foi alcançado, em grande medida, por meio de seu longo esforço. 


Igualmente impressionantes foram os muitos arranjos práticos que se fizeram antes do Congresso. Além do difícil processo de seleção dos oradores para as plenárias e para os “multiplexes” (seminários) e as sessões de diálogo, dos tradutores e dos participantes de cada país representado, havia duas tarefas que devem ter envolvido muito trabalho antes do Congresso: a Conversa Global de Lausanne, para possibilitar que muita gente ao redor do mundo fizesse seus comentários e interagisse com outros, aproveitando os avanços tecnológicos contemporâneos; e a redação da primeira parte (a teológica) do Compromisso da Cidade do Cabo, redigida pelo Grupo de Trabalho Teológico de Lausanne, sob a direção de Christopher Wright. 



Uma avaliação positiva de Lausanne III 

A melhor maneira de comprovar o valor de uma conferência como Lausanne III é analisar os resultados concretos que ela produz posteriormente em relação com a vida e missão da igreja. Por esta razão, a avaliação presente da conferência que acaba de ser realizada na Cidade do Cabo tem que ser considerada como nada mais do que uma avaliação preliminar. 



Cada um dos seis dias de programa (com um dia livre entre o terceiro e o quarto) tinha um tema: 



1) Segunda-feira – Verdade: Defender a verdade de Cristo em um mundo pluralista e globalizado. 

2) Terça-feira – Reconciliação: Construir a paz de Cristo em nosso mundo dividido e ferido. 

3) Quarta-feira – Religiões Mundiais: Testemunhar o amor de Cristo a pessoas de outras crenças. 

4) Sexta-feira – Prioridades: Discernir a vontade de Deus para evangelização deste século. 
5) Sábado – Integridade: Chamar a igreja de Cristo de volta à humildade, integridade e simplicidade. 
6) Domingo – Parceria: Formar parceria no corpo de Cristo rumo ao novo equilíbrio global. 



Cada um destes temas chaves, qualificados como “os maiores desafios para a igreja na próxima década”, era o tema de estudo bíblico e da reflexão teológica a cada dia pela manhã. O texto bíblico que se usava na série intitulada “Celebração da Bíblia” era a carta aos Efésios. Um dos aspectos mais positivos do programa foi o estudo indutivo da passagem do dia, em grupos de seis membros sentados ao redor de uma mesa. Isto deu aos membros do grupo a oportunidade de aprender juntos, de orar uns pelos outros, desenvolver novas amizades e construir alianças para o futuro. Ao estudo bíblico em grupos, seguia a exposição da passagem de Efésios selecionada para esse dia. Sem minimizar a importância da música, do teatro, das artes visuais, dos testemunhos e das apresentações multimídia, uma alta porcentagem dos participantes sentiu que o tempo dedicado a “Celebrar as artes” poderia ter sido reduzido para dar mais tempo para “Celebrar a Bíblia”, atividade que gostaram muito.



Cabe fazer uma menção especial aos vários testemunhos que foram dados nas sessões plenárias pela manhã por certas pessoas cuja experiência de vida ilustrava claramente o tema do dia. Quem que esteve ali poderia se esquecer, por exemplo, da jovem palestina e do jovem judeu que falaram juntos sobre o significado da reconciliação em Cristo acima das barreiras raciais? Ou da missionária estadunidense que falou sobre testificar do amor de Cristo a pessoas de outras religiões, contando como vários cristãos — incluindo seu esposo, médico de profissão — foram assassinados por muçulmanos enquanto regressavam de um povoado isolado onde haviam estado servindo movidos pela compaixão cristã no Afeganistão?



Nos “multiplexes” e nas sessões de diálogo de cada dia (à tarde), foram exploradas em profundidade as implicações práticas do estudo e da reflexão bíblicas da manhã. Certamente que o debate mais relevante sobre os diferentes temas não se realizava necessariamente dentro dos limites de tempo definidos no programa mas nas conversas informais fora do programa oficial. De qualquer maneira, é um fato que muita da reflexão mais rica sobre os assuntos relacionados com os problemas globais contemporâneos se dava nas sessões da tarde. Estas sessões participativas, nas quais se levavam em conta a compreensão da diversidade de perspectivas representadas; a contextualização de ideias, modelos, contatos e materiais; e o compromisso para articular planos de ação, serão a base para a segunda parte do Compromisso da Cidade do Cabo. O plano é publicar o documento de duas partes (a teológica e a prática) com um guia de estudo no fim de novembro. 



Dos vinte e dois multiplexes que se ofereceram durante o Congresso, houve especialmente três que enfocavam assuntos que poderiam ser considerados como os mais críticos para o hemisfério Sul: a globalização, a crise ambiental e a relação entre riqueza e pobreza. Estes três fatores estão vinculados intimamente entre si e, em vista do enorme impacto que produzem em milhões de pessoas no mundo das grandes maiorias, merecem muito mais atenção que receberam até o momento por parte do movimento evangélico. 



Sérias deficiências 

Segundo a definição oficial de sua missão, o Movimento de Lausanne existe para “fortalecer, inspirar e equipar a Igreja para a evangelização mundial em nossa geração, e exortar os cristãos sobre seu dever de participar em assuntos de interesse público e social”. Uma análise detalhada desta definição expõe a dicotomia que influenciou um grande segmento do movimento evangélico, especialmente no mundo ocidental: a dicotomia entre evangelização e responsabilidade social. Por causa desta dicotomia, relacionada estreitamente com a dicotomia entre o secular e o sagrado, o Movimento de Lausanne se propõe a “fortalecer, inspirar e equipar a Igreja para a evangelização” mas só “exortar os cristãos” a respeito de sua responsabilidade social. O pressuposto que está implícito é que a missão prioritária da igreja é a evangelização, concebida em termos de comunicação oral do Evangelho; enquanto que a participação em assuntos de interesse público e social — as boas obras por meio das quais os cristãos cumprem sua vocação como “luz do mundo” para a glória de Deus (Mateus 5:16) — é um dever secundário, para o qual os cristãos não necessitam ser fortalecidos, inspirados e equipados, apenas exortados. 



Na exposição bíblica de terça-feira, baseada em Efésios 2 (o segundo dia do Congresso), esclareceu-se, a partir do texto bíblico, que Jesus Cristo é nossa paz (v.14), fez nossa paz (v.15) e anunciou paz (v.17). Em outras palavras: em Cristo, o ser, o fazer e o proclamar paz (“shalom”, vida em abundância) são inseparáveis. A igreja é fiel ao propósito de Deus na medida em que ela prolonga a missão de Jesus Cristo na história, manifestando a realidade do Evangelho concretamente não apenas pelo que diz mas também pelo que é e pelo que faz. A missão integral da igreja está enraizada na missão de Deus em Jesus Cristo, missão que envolve toda a pessoa em comunidade, a totalidade da criação e cada aspecto da vida. 



A exposição bíblica baseada em Efésios 3, no dia seguinte, pôs em relevo a necessidade urgente que o Movimento de Lausanne tem de esclarecer teologicamente o conteúdo da missão do povo de Deus. Em contraste com o que se disse no dia anterior, o pregador designado para a quarta-feira afirmou que, se bem que a igreja se preocupa com toda a forma de sofrimento humano, ela se preocupa especialmente pelo sofrimento eterno e, consequentemente, está chamada a dar prioridade à evangelização dos perdidos. 



Uma séria deficiência de Lausanne III foi não dar tempo para a reflexão séria sobre o compromisso que Deus espera de seu povo em relação à sua missão. Lamentavelmente, não houve tempo para dialogar sobre o Compromisso da Cidade do Cabo, sobre o qual o Grupo de Trabalho Teológico, dirigido por Christopher Wright, tinha trabalhado por um ano com a intenção de circulá-lo no começo do Congresso. Compartilhou-se o documento apenas na sexta-feira à noite, e não foram tomadas medidas para que os participantes escrevessem pelo menos seus comentários pessoais antes do encerramento da conferência em resposta a perguntas específicas. Segundo o Comitê Executivo, não havia tempo para isso! A postura negativa assumida pelos organizadores do programa a respeito da recomendação de um grupo de participantes anciãos interessados em conseguir que todos os participantes vissem o documento como algo seu, não apenas conspira contra esse propósito. É também um sinal de que o Movimento de Lausanne está ainda muito longe de alcançar a parceria sem a qual não tem base para se considerar um movimento global. 



Em comparação com o tratamento que recebeu o documento produzido pelo Grupo de Trabalho Teológico, dedicou-se, na quarta-feira, toda uma sessão plenária à estratégia para a evangelização do mundo nesta geração — uma estratégia elaborada nos Estados Unidos baseada numa lista de “grupos de povos não-alcançados” preparada pelo Grupo de Trabalho Estratégico de Lausanne. Tal estratégia refletia a obsessão pelos números, típica da mentalidade de mercado que caracteriza um setor do movimento evangélico dos Estados Unidos. Por outro lado, segundo muitos participantes do Congresso que conhecem de primeira mão as necessidades de seus respectivos países em relação à evangelização, a lista de grupos de povos não-alcançados não fazia justiça à situação real. Curiosamente, não constava na lista nenhum grupo não-alcançado nos Estados Unidos! 



Outra deficiência de Lausanne III foi que, como destacou o Grupo de Interesse em Reconciliação, não se fez nenhuma menção oficial ao fato de que o Congresso estava sendo realizado num país que até poucos anos estava dominado pelo Apartheid e ainda sofre a injustiça social resultante desta política. Na realidade, o Congresso realizou-se no Centro Internacional de Convenções que foi construído sobre o terreno que se reivindicou com os escombros do Distrito Sul da Cidade do Cabo quando, em 1950, esse distrito foi declarado uma zona exclusiva para brancos. Consequentemente, cerca de 60 mil habitantes negros foram expulsos da área à força e seus lares foram arrasados por completo. Entretanto, os organizadores da Cidade do Cabo 2010 fizeram ouvidos surdos ao pedido do Grupo de Interesse em Reconciliação que rechaçasse oficialmente “as heresias teológicas que deram sustento ao Apartheid” e lamentasse “o sofrimento sócio-econômico que é o legado atual do Apartheid”. Alguém pode se perguntar quão sério são os líderes do Movimento de Lausanne em seu compromisso com o Pacto de Lausanne, segundo o qual “a mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam” (parágrafo 5). 



A parceria na missão e o futuro do Movimento de Lausanne 

Um fato que hoje reconhecem e mencionam com frequência aqueles que têm interesse na vida e missão da igreja em nível global é que, nas últimas décadas, o centro de gravidade do cristianismo se deslocou do Norte e do Ocidente para o Sul e o Oriente. Apesar disso, com demasiada frequência os líderes cristãos do Norte e do Ocidente, especialmente nos Estados Unidos, continuam considerando que eles são os encarregados de desenhar a estratégia para a evangelização de todo o mundo. Como se afirma na página sobre o “Sexto Dia – Parceria” do livro que contém a descrição detalhada do programa do congresso, “o centro da liderança organizacional, do controle financeiro e das tomadas de decisão tende a permanecer no norte e no ocidente”. 



Tristemente, o maior obstáculo para implementar uma verdadeira parceria na missão é a riqueza do Norte e do Ocidente; a riqueza que Jonathan Bonk, em seu importante livro sobre “Missions and Money” [Missões e dinheiro], descreveu como “um problema missionário ocidental”. Se é assim, e se o Movimento de Lausanne vai contribuir significativamente com o cumprimento da missão de Deus por meio do seu povo, chegou o momento de que a força missionária conectada com este movimento, incluindo seus estrategistas, renuncie ao poder do dinheiro e modele a vida missionária na encarnação, no ministério terreno e na cruz de Jesus Cristo. 


- Texto enviado pelo autor para Editora Ultimato. Traduzido por Novos Diálogos.


• René Padilla, autor de O Que é Missão Integral? (Editora Ultimato, no prelo), é um dos teólogos e pensadores protestantes latino-americanos mais conhecidos em todo o mundo. Nascido no Equador e residente em Buenos Aires, Argentina, é fundador e presidente da Fundação Kairós e da Rede Miqueias.

18 de setembro de 2010


"Acho que o arcebispo de Canterbury e o Papa poderiam muito bem discutir o grande desafio a todas as igrejas na face ocidental afirmando de forma renovada e vivendo o Evangelho em um confuso mundo pós-moderno com uma profunda fome de espiritualidade, mas uma profunda desconfiança da Igreja ".

Uma Proclamação Fiel


A mensagem do evangelho são as boas-novas de redenção e reconciliação, expressas poderosamente nas palavras do apóstolo Paulo: "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação [...]. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus" (2 Co 5.17-20).

Esse evangelho, euangelion, essas boas-novas maravilhosas são que nós não temos mais de ficar do lado de fora, proibidos da intimidade com Deus por causa do nosso pecado e da rebelião. Sabendo que somos seres de dura cerviz e de coração empedernido, Deus providenciou um caminho para chegarmos ao seu coração. E esse caminho é Jesus, que diz: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida" (Jo 14.6). Jesus é a porta que se abre para a grande graça e misericórdia de Deus.

A mensagem do evangelho está plantada na pessoa de Jesus Cristo, a Palavra viva de Deus. No evento Cristo – nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus –, foi aberto o caminho para que nos reconciliemos com Deus.

Jesus mesmo anunciou essas boas-novas do evangelho em seu chamado cifrado: "Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo" (Mt 4.17). A palavra "arrepender" (metanoeo) significa aqui literalmente "dar meia-volta na mente". Em outras palavras, devemos reavaliar todo nosso estilo de vida à luz deste grande fato: na pessoa de Jesus Cristo, o Reino dos céus se tornou acessível aos seres humanos.

O que isso significa? Significa que podemos ser reconciliados com Deus. Significa que podemos ser renovados. Significa que podemos nascer do alto. Significa que podemos experimentar o perdão dos pecados pela morte expiatória de Jesus sobre a cruz*. Significa que podemos entrar numa relação de amor, viva e eterna com Deus, por meio de Jesus Cristo, o Filho, pelo poder do Espírito Santo. Com certeza, essas notícias são de fato muito boas!

Ouçam Jesus e seu grande convite da graça: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11.28-30).

Portanto, somos convidados a uma nova vida em Cristo. E adquirimos essa vida somente pela fé. Não há nada que possamos fazer para ser bons o suficiente para recebê-la. É um dom, totalmente gratuito (pela graça): "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8,9). Nas palavras de P. T. Forsyth: "O cristianismo não é o sacrifício que fazemos, mas o sacrifício em que confiamos; não é a vitória que vencemos, mas a que herdamos. Esse é o princípio evangélico".

Por favor, entenda: não estamos aqui conversando somente (nem principalmente) sobre como podemos entrar no céu quando morrermos. Entrar no céu é uma questão de consequência genuína (e isso vem como parte do pacote completo), mas as boas-novas do evangelho são que a vida abundante em Cristo começa agora, e a morte passa a ser apenas uma transição menos desta vida para a Vida maior.

Desse modo, as boas-novas do evangelho são que entramos na vida em Cristo como discípulos dele agora mesmo. Isso não significa crer agora e matricular-se como discípulo depois, se estivermos interessados (como se fosse possível crer sem ser discípulo). Crer em Jesus e ser discípulo de Jesus são partes da mesma ação. Nós recebemos Jesus Cristo, a Palavra viva de Deus, como nossa vida. Ele promete estar unido conosco conforme estamos unidos com ele, e promete nos ensinar a viver nossa vida como se fosse ele em nosso lugar. Ele está vivo e entre nós, em todos os seus ofícios: como nosso Salvador, para nos redimir; como nosso Mestre, para nos guiar; como nosso Senhor, para nos governar; e como nosso Amigo, para andar ao nosso lado. Dessa forma, crescemos cada vez mais na semelhança com Cristo, "pois aquele que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho" (Romanos 8.29a).

Além disso, recebemos a honra de falar a todos os povos dessa boa notícia de vida perene em Cristo: "Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei" (Mateu 28.19,20a).

Entretanto, não podemos realizar isso sem que primeiro ocorra a obra de transformação de vida em nós. Não podemos pregar as boas novas e ser más notícias. Desse modo, fazendo os ajustes culturais necessários, entramos na vida dos Evangelhos e fazemos o que eles fizeram e vivemos como eles viveram. Quando incorporamos as palavras de Cristo em nosso coração, s pessoas ao nosso redor, ao verem o poder transformador de Deus, dirão: "Precisamos entrar nessa". O que estamos oferecendo ao mundo é a vida como ela deveria ser.

Lembre-se, estamos convidando as pessoas não meramente para aceitar um conjunto de crenças a respeito de Jesus que de alguma forma vai acionar a alavanca divina e mandá-las para o céu quando morrerem. Não mesmo! Estamos convidando as pessoas a crer em Jesus e se tornarem discípulos dele e, como seu discípulos (ou aprendizes), matricularem-se na sua escola de vida. Dessa forma elas aprenderão com o Caminho, assumindo gradativamente para si as esperanças, os sonhos, os desejos, os hábitos e as habilidades de Jesus. É assim que aprendemos a "obedecer a tudo o que eu lhes ordenei". Não há outro meio.


Richard Foster, Rios de Água Viva,
Ed. Vida, pp. 307-310

23 de agosto de 2010

Agostinho contra o pelagianismo

Por mais importantes que tenham sido as polêmicas contra o maniqueísmo e o donatismo, elas nem se compararm à batalha de Agostinho contra o pelagianismo. Pelágio, um respeitável leigo britânico, era um conhecido escritor e professor das primeiras décadas do século V. Tinha uma visão bem mais otimista da natureza humana que Agostinho; otimista demais, como ficou provado. Pelágio queria que as pessoas progredissem em perfeição, abandonando as doutrinas debilitantes da Queda e da pecaminosidade inerente. Escreveu um panfleto chamado Sobre a natureza, que procurava desacreditar a doutrina da depravação e do pecado humano e exaltava a capacidade e as virtudes humanas. Em termos modernos, um retrato otimista do potencial humano, um retrato da raça humana amadurecida.

Agostinho ficou enfurecido. Respondeu com um tratado maior, Natureza e graça, no qual insista em que a confiança no potencial humano somente nos isola de um diagnóstico preciso da depravação humana. Dessa forma, ele estabeleceu o alicerce para seu famoso ensino sobre o pecado original, a saber, a convicção de que os seres humanos são totalmente incapazes de ações virtuosas por si mesmos, e necessitam urgentemente da graça salvífica que vem fora deles.

O ensino de Agostinho sobre a pecado original é, em poucas palavras, o seguinte: Somente anjos e seres humanos têm livre-arbítrio racional. Embora eles possam existir sem ser maus, somente eles podem ser maus (já que somente eles possuem livre-arbítrio racional). Adão, o primeiro ser humano, escolheu o mal, uma escolha intencional, feita com o uso da razão. No nível mais fundamental, seu pecado foi o pecado do orgulho: o desejo da criatura de estar no centro, no lugar de Deus. E o pecado de Adão manchou todos os seres humanos com o pecado. Todos nós participamos da falência da sua perda de posição, da sua incapacidade de escolher Deus, do seu desejo de estar no centro, no lugar de Deus. Não podemos nos recuperar dessa queda por nossos esforços, pois qualquer esforço de nos livrarmos por nós mesmos é anulado é anulado pelo fato de provir de nosso contínuo interesse por nós mesmos; assim, enlameamo-nos mais ainda no pântano do orgulho. Ainda somos livres, mas agora só somos livres para pecar, não para nos voltarmos para Deus. Só podemos ser resgatados de nossa impotência pela graça de Deus agindo em nosso favor. Dessa forma, nascemos do alto, uma ação divina realizada somente em Jesus Cristo e por meio dele, que é Deus encarnado, plenamente Deus e plenamente humano.

A solução para o problema do pecado original, sustentava Agostinho, não é mais educação, nem ambiente melhor, nem melhor auto-aperfeiçoamento; é sim, a salvação iniciada por Deus e cheia de graça: a redenção, a justificação e a santificação somente em Jesus Cristo.

Em sua ênfase no pecado, na depravação e na graça, Agostinho nunca rejeitou a responsabilidade humana e a cooperação com a iniciativa divina. Ele abriu confiantemente um caminho entre a iniciativa humana independente e a passividade total, afirmando em síntese:

Sem Deus, não podemos, 
Sem nós, ele não fará.

De um lado desse caminho, há o abismo do quietismo e do antinomismo: a convicção de que não podemos fazer absolutamente nada e de que aceitamos o processo de redenção em completa passividade. De um lado, o abismo do pelagianismo e do moralismo, a argumentação de que tudo depende de nós e que o crescimento humano na virtude ocorre por nossas próprias forças. Entre esses dois abismos, está o caminho da graça disciplinada: a iniciativa e a obra vêm inteiramente de Deus, e nós agimos em resposta a Deus e em cooperação com ele. Certa vez, pregando sobre a graça, Agostinho declarou: "Aquele que o criou sem sua ajuda não o salvará sem sua cooperação"*.

A batalha com Pelágio foi longa e complicada, mas no final Agostinho se saiu vitorioso. As convicções pelagianas sobre a bondade inata da natureza humana foram condenadas como heréticas nos concílios da igreja em Cartago e Mileve em 416 d. C., e essa decisão foi reiterada em Cartago, em 418. Agostinho foi um triunfante defensor da ortodoxia cristã, que, embora ferido, saiu vitorioso. (Espero que você tenha notado como esses três '-ismos' são contemporâneos. Nossas batalhas hoje são quase as mesmas.)

Richard Foster, Rios de Água Viva
Ed. Vida, p. 277-279

14 de agosto de 2010

PECADO ORIGINAL



A DEPRAVAÇÃO CONTAMINA A TODOS
Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe. (Sl 51.5)


A Escritura diagnostica o pecado como uma deformidade universal e em todas as pessoas (1 Rs 8.46; Rm 3.9-23; 7.18; 1 Jo 1.8-10). Ambos Testamentos têm nomes para ele que revelam seu caráter ético como rebelião contra os preceitos de Deus, errando o alvo fixado por Deus para nós, transgredindo a lei de Deus, desobedecendo às instruções de Deus, maculando a pureza de Deus com nossa corrupção e incorrendo em culpa perante Deus o Juiz. Essa deformidade moral é dinâmica: o pecado permanece patente como uma energia em reação irracional, lutando contra Deus com o intento de manipulá-lo. A raiz do pecado é o orgulho e inimizade contra Deus, espírito que é visto na primeira transgressão de Adão; e atos pecaminhosos sempre têm atrás de si pensamentos, motivos e desejos que, de uma forma ou de outra, expressam a oposição obstinada do coração decaído às reivindicações de Deus em nossa vida. [O pecado pode ser compreensivelmente definido como falta de conformidade à lei de Deus em ação, hábito, atitude, perspectiva, disposição, motivação e modo de viver]. (...)

Pecado original, significando o pecado derivado de nossa origem, não é uma expressão bíblica (foi Agostinho quem a cunhou), mas é uma expressão que traz a uma proveitosa focalização a realidade do pecado em nosso sistema espiritual. A asserção de pecado não significa que o pecado pertence à natureza humana como Deus a fez ("Deus fez o homem reto" Ec 7.29), nem que o pecado está envolvido no processo de reprodução e nascimento (...), mas sim que (a) a pecabilidade marca todos desde o nascimento, e está lá na forma de um coração motivacionalmente torcido, anterior a quaisquer pecados reais; (b) esta pecabilidade interior é a raiz e fonte de todos os pecados reais; (c) ela nos vem por derivação de uma forma real, embora misteriosa, desde Adão, nosso primeiro representante diante de Deus. A afirmação do pecado original indica intrinsecamente que não somos pecadores porque pecamos, mas sim que pecamos porque somos pecadores, nascidos com a natureza escravizada ao pecado.

A expressão depravação total é comumente usada para tornar explícitas as implicações do pecado original. Ela significa uma corrupção de nossa natureza moral e espiritual que é total não em grau (pois ninguém é tão mau quanto pode ser), mas em extensão. Ela declara que nenhuma parte de nós é intocável pelo pecado e, portanto, nenhuma ção nossa é tão boa como deve ser, e consequentemente nada em nós ou acerca de nós jamais parece meritório aos olhos de Deus. Não podemos conquistar o favor de Deus, não importando o que venhamos a fazer; a menos que a graça nos salve, estamos perdidos.

A depravação total vincula a capacidade total, isto é, o estado de não poder em si mesmo responder a Deus e à sua Palavra de modo sincero e prazenteiro (Jo 6.44; Rm 8.7,8). Paulo chama a este alheamento do coração decaído um estado de morte (Ef 2.1,5; Cl 2.13), e a Confissão de Westminster diz: "O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso."

Teologia Concisa
J. I. Packer

Leia também:
Sacrifício

Voltemos ao Evangelho 
Totalmente Depravado, eu? - Ipródigo

13 de agosto de 2010

Brooke Fraser distribui demo de nova música

Nova música da cantora neozelandesa mais famosa do mundo: Brooke Fraser. Provavelmente estará no novo CD FLAGS. Muito lembra outra música romântica também apaixonante da Brooke: The Thief.

Essa música está disponivel para download gratuito no site www.brookefraser.com basta deixar seu e-mail no local indicado aí em baixo e depois entrar na sua conta de e-mail e baixar.

11 de agosto de 2010

Por um Evangelho Melhor

Desde quando este blog passou a existir, registramos aqui que algo notável acontecia e uma nova geração começava a questionar o papel da igreja na realidade atual.

A matéria da Revista Época desta semana sintetiza uma grande parte da conversa que emergiu nos últimos anos.

Não há consenso acerca da abordagens e das conclusões. Cito algumas reações à matéria para exemplificar pontos divergentes e convergentes nessas discussões:

Para o editor do blog Pão e Vinho, alinhado com a proposta da igreja nos lares, "Mais uma vez comprova-se que o fenômeno do cristianismo simples está crescendo e cada vez mais chamando a atenção tanto da Igreja institucional quanto da mídia secular" ainda que o articulista cite "três correntes, sem se preocupar em diferenciá-las. A primeira, é a Igreja nos lares, a segunda é a Igreja emergente e a terceira é a dos blogueiros apologistas. Ele converge estas três correntes em um movimento de reação contra as exuberâncias do neopentecostalismo."

Robinson Calvalcanti, bispo anglicano, por sua vez, afirma que "no protestantismo brasileiro há várias tentativas sérias de resposta tanto ao imobilismo tradicionalista quanto ao sincretismo manipulador. O que emana da matéria, porém, é uma espécie de neoanabatismo piorado: anti-histórico, anti-institucional, anti-confessional e iconoclasta. Não creio que um pretenso pós-evangelicalismo restauracionista e basista seja a proposta mais adequada para os problemas atuais da Igreja de Jesus Cristo – esse organismo-organização/corpo-instituição – legada pelos apóstolos e pelo consenso histórico dos fiéis."

Na opinião de Augustus Nicodemus, pastor presbiteriano e chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, "o articulista, reuniu depoimentos de líderes evangélicos de diversos segmentos e mostrou como todos eles concordam em sua rejeição às doutrinas e práticas das igrejas neopentecostais e o desejo por uma mudança profunda nos atuais rumos da igreja evangélica brasileira." E assim como os outros blogueiros, manifestou desconforto com alguns pontos da matéria, a exemplo da menção de e afirma que "os chamados 'novos evangélicos' concordam apenas que é preciso uma mudança, mas discordam entre si quanto ao modelo de igreja que deve ocupar o lugar desta seitas.

Tenho procurado acompanhar esses debates enquanto cuido de cultivar minha própria formação espiritual. Tenho lido livros como "Por que você não quer mais ir à igreja?", de Waybe Jacobsen, mais próximo do grupo das igrejas domésticas e agora estou lendo "Por que amamos a igreja", de Kevin DeYoung, representante da ala defensora da ortodoxia.

Considero muito interessantes perspectivas como a de Sandro Baggio, que se engajou nas conversas emergentes e depois declarou não mais se encaixar no rótulo devido ao liberalismo e esquerdismo que teria tomado conta da VillageSandro parece endossar a posição de Mark Driscoll sobre doutrina e contextualização do evangelho, como a discussão acerca do "Cristianismo Pagão" revela.

Vale mencionar o nome de Dan Kimball que também mantém uma postura equilibrada ao se envolver na discussão sem perder a identidade evangélica.

Outro nome que devemos citar é de Todd Hunter cuja jornada passa pelos círculos emergentes e, pela via do ardor evangelístico, chega à Igreja Anglicana.

Por fim, admiro o trabalho de Ed Stetzer, missiólogo batista que  tem se relacionado com partes diferentes do corpo de Cristo e encorajado todos a se lançar no cumprimento da Grande Comissão. Em recente artigo sobre as tendências futuras no evangelicalismo, Stetzer assevera:

Acho interessante que dois dos movimentos mais interessantes na igreja a partir desta primeira década do milênio foram o movimento da igreja emergente e o novo movimento Reformado. Conquanto eles tivessem muitas diferenças entre si, uma coisa que eles compartilhavam em comum era o seguinte: ambos estavam buscando um evangelho melhor.