3 de agosto de 2016

O Culto como o Antídoto ao Pós-modernismo

 Blog do Zac Hicks - Zac Hicks // Culto. Igreja. Teologia. Cultura.


Procurando relevância cultural, profundidade bíblica, engajamento histórico e reflexão teológica acerca do culto.


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Alguns lá fora não acham que o pós-modernismo precisa de um antídoto, pois isso implicaria que alguma coisa está errada com ele. Acontece que eu acho que quase todo "ismo" precisa de uma conferida. Muitos escritores e pensadores no pós-modernismo apontam a fragmentação que ocorre em uma cultura da pós-modernidade. Crença comum já não são compartilhadas em grande quantidades entre as massas, e a verdade que uma vez nós uniu, tanto como indivíduos inteiros e comunidades inteiras, já não estão presentes (existencialmente falando). O resultado da pós-modernidade é uma cultura fragmentada e pessoas fragmentas.

Enquanto eu estou lendo o grande livro de James K. A. Smith, Desiring the Kingdom (Desejando o Reino, obra a ser publicada por Edições Vida Nova), estou percebendo que a batalha por integridade e shalom não pode ser travada apenas no campo das ideias, proposições e visões de mundo, conquanto eu seja todo a favor destas (talvez até um pouco mais do que Smith). Como Smith gostaria de salientar, porquanto o núcleo do ser humano está mais apropriadamente assentado no coração ou "entranhas," as pessoas são, essencialmente, seres que desejam, seres que amam. Smith explicita o que isso significa pelo que somos formados como seres humanos à imagem e semelhança de Cristo, e embora isso certamente aconteça no nível cognitivo, da "cabeça", isso acontece mais basicamente (e talvez de forma mais holística) no nível existencial, afetivo e experimental. Em outras palavras, somos formados pela prática e pelo ritual. Agora, vamos ver se podemos manter isso em mente enquanto ouvimos uma palavra profética de 1960, do teólogo do culto, Jean-Jacques von Allmen:

O Culto tem também uma utilidade sociológica. Ele reúne os homens e lhes empresta a mais profunda das coesões, a mais fundamental das solidariedades que se possam encontrar na terra. "Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão" (1 Co 10.17). Mas a utilidade sociológica do culto não repousa exclusivamente nessa capacidade de atribuir coesão à Igreja. Essa utilidade se encontra também no plano da integração, do apaziguamento pessoal. Pois o ato de culto imprime na nossa vida um estilo, uma maneira de ser, uma simplicidade, uma HAPLOTES que nos livra das dilacerações e contradições comuns ao homem natural. Ela tem também uma dimensão cósmica, na medida em que, como já tivemos ocasião de observar, o culto inaugura entre os homens o único tipo de união que não conduz à massificação, isto é, reúne-os em e para a ação de graças. Em virtude disso, podemos afirmar que o culto atribui estabilidade ao mundo, inserindo nele um elemento que se opõe à fragmentação e o livra do caos.

Eu estou convencido de que nós evangélicos sofremos de uma doença genética que nos faz pensar de modo muito anêmico sobre o poder do culto em nosso mundo (pós)moderno. Se o culto é o lugar onde Deus escolhe mais agudamente se encontrar com, alimentar, nutrir e fortalecer Seu corpo, faz sentido que é neste lugar onde a humanidade encontra a sua maior concentração de plenitude e integridade. É neste lugar, enquanto praticamos a fé e a ritualizamos, que descobrimos em maiores profundidades, o significado e o propósito da nossa existência. Como eu disse em um sermão sobre o Salmo 10 (um salmo de lamento) ontem: algumas verdades da Escritura são melhor compreendidas não enquanto as estudamos ou as contemplamos, mas sim enquanto as cantamos ou oramos. A adoração, em grande parte, é cantar, orar, receber, provar, ouvir, ensaiar, agir e viver a Verdade. E uma coisa engraçada acontece quando nos envolvemos no culto de todo coração ... Deus, o tapeceiro, continua o processo lento e constante de costura restauradora de nossos eus fragmentados.

(Uma espetada final: Talvez isso aumente os riscos para aqueles de nós que planejam ou dirijam o culto. Não podemos simplesmente planejar o que os ouvidos agradáveis querem ouvir. Devemos escolher por nos envolvermos em nosso planejamento como pastores, que sabem que o culto é muito formativa para ser tomado levemente).

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ALLMEN, Jean-Jacques von. O Culto Cristão: teologia e prática. São Paulo: ASTE, 2006, p. 116- 117


Original: http://www.zachicks.com/blog/2012/7/2/worship-as-the-antidote-to-postmodernism.html