31 de janeiro de 2010

Não Há Futuro Sem Perdão

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Hoje assisti ao excelente Invictus, novo filme de Clint Eastwood, um mergulho na história recente da África do Sul e aborda valores como a redenção, a superação e o perdão.


Baseado no livro "O triunfo de Mandela", de John Carlin (no Brasil há o título "Conquistando o Inimigo"), Invictus conta a história real da seleção Sul Africana de rugby, os Springboks, que, como verdadeiros azarões, conquistaram em 1995 o título mundial disputado em casa. O feito é só o pano de fundo para mostrar os primeiros anos de Mandela na presidência de um país ainda dividido pela cor da pele e disputas políticas criadas pelo apartheid.


"Mandela soube ultrapassar os medos de parte a parte, convencer brancos e negros a reconciliar-se e liderar, em conjunto com personalidades como Desmond Tutu, um processo de reconciliação com um balanço adequado com a justiça."
O ex-presidente Nelson Mandela (metodista) e o Arcebispo Desmond Tutu (anglicano) são dois vencedores do Nobel da Paz que residiram na mesma rua: a rua Vilakazi, em Soweto, Joanesburgo. É nessa capital onde se realizarão os primeiros jogos do Brasil na Copa do Mundo da África do Sul 2010.

O texto abaixo aborda o assunto do perdão na África do Sul pós apartheid, mostrando o papel desempenhado pelo bispo Desmond Tutu:

O mundo sabe -- embora às vezes finja desconhecer -- o que Desmond Tutu tem feito na África do Sul por meio da Comissão da Verdade e da Reconciliação. Não hesito em declarar que o simples fato de essa Comissão existir e, além disso, fazer o que tem feito, é o mais extraordinário sinal do poder do evangelho cristão que já presenciei em todo o mundo. Basta pensar um pouco em como era inimaginável que isso acontecesse há 25 anos, ou ainda é inimaginável que algo do tipo aconteça em Beirute, em Belfast ou em Jerusalém, para ver que algo verdadeiramente notável tem acontecido e devemos dar graças a Deus, em temor e tremor. Apesar de a maioria dos jornalistas ocidentais não terem dado muita atenção a isso, o fato de as forças de segurança de brancos e as guerrilhas de negros confessarem em público seus crimes violentos e horripilantes é, por si só, um fenômeno impressionante. Como consequência das confissões, as famílias de torturados e mortos puderam, pela primeira vez, iniciar o processo de luto e, com isso, pelo menos contemplar a possibilidade de um dia conseguirem perdoar e prosseguir com a vida em vez de ficarem prostradas sob o peso contínuo da ira e do ódio. O projeto inteiro aponta para uma forma de humanidade diferente das versões subcristãs oferecidas na maior parte do mundo ocidental. Ele funciona como uma indicação para a resposta ao problema do mal, ou pelo menos como uma "resposta" disponível a nós na era presente.

N. T. Wright, O Mal e a Justiça de Deus, Ed. Ultimato, 2009, pp. 119-120


+ Até onde se pode perdoar - Filme de Clint Eastwood cai como uma luva no debate atual no Brasil sobre torturas e assassinatos durante o regime militar.











+ Entenda a polêmica sobre a Comissão Nacional da Verdade, para investigar abusos cometidos durante o regime militar brasileiro. 

19 de janeiro de 2010

Pouco Imaginativos

"Nós, ocidentais pós-iluministas, somos muitos pouco imaginativos... Embora os pensadores da Nova Era e muitos escritores contemporâneos possam nos levar a mundos, espaços e tempos paralelos, nós nos refugiamos em nosso universo racionalista e fechado assim que nos referimos a Jesus. C. S. Lewis certamente fez um bom trabalho com As Crônicas de Nárnia e outros escritos, ao imaginar como dois mundos poderiam se relacionar e interagir. Entretanto, a geração que cresceu sabendo o caminho até Nárnia não sabe como fazer a transição de uma história infantil para o mundo real da devoção e da teologia cristã." 


(N. T. Wright, Surpreendido pela Esperança, Ed. Ultimato, pp. 131-132)


Leitura Espetacular*****




17 de janeiro de 2010

O Dom da Amizade



Já eram quase duas horas da madrugada da última sexta-feita. Acordei desnorteado com o som de nova mensagem no celular. Demorei a entender que se tratava de uma mensagem do meu mui caro amigo Leonardo. 



O Léo parece ter ficado inspirado com os Ecos de uma Voz na leitura noturna da primeira parte do livro Simplesmente Cristão, de N. T. Wright, que lhe emprestara há algumas semanas e desde então eu vinha insistindo para que ele se aventurasse na leitura.


Abaixo segue o poema que recebi na íntegra. Às vésperas de completar três décadas de vida, recebo um vislumbre do que verdadeiramente importa.

Daniel,
Acabei de ler a 1a parte do livro. Muito bom mesmo, aproveitei e escrevi um verso.


Amigo Daniel


As verdades dos livros
remontam caminhos divinos.
Ideologias se desfalecem
ante apologias do diverso.


O pensamento do filosofo,
outrora inovador,
se torna ortodoxo 
fonte da dor.


Nunca esqueça ou olvide,
Deus é mais que o amor,
Jesus é mais que o salvador,
é a pura e alva Verdade.


Suas leituras e literaturas
edificam e fortificam mentes.
Intensas na fé e louvor
recobram o meu leitor.


Louvado o empréstimo,
o conhecimento é o préstimo.
Palavras e pensamentos jubilosos
pelo nosso Senhor evangelizados.


Boa noite,
Leonardo Hernandez - um primitivo cristão
15/01/2010 01:51

15 de janeiro de 2010

A Tarefa de Impedir o Caos




Lemos nesse momento notícias sobre o Haiti, de que "tragédia deixou país sem governo", e também de relatos, como no blog de pesquisadores da Unicamp no Haiti, de que "os haitianos estão se virando como sempre" enquanto a ajuda não chega.




Refletindo sobre esses acontecimentos, transcrevo abaixo uma passagem de uma reflexão de Tom Wright acerca do tema "Política e Império" como uma das tarefas intermediárias a que os cristãos devem se dedicar no sentido de colocar em prática, com base na vitória de Jesus Cristo em sua morte e ressurreição, o início, os sinais prévios do novo mundo que somos chamados a imaginar:

Um dos fatos mais assustadores da calamidade ocorrida em Nova Orleans em agosto de 2005 foi a ausência, durante alguns dias, de toda lei e ordem. É o caos que novamente surge quando a força é a única lei e os fracos são o alvo fácil. Deus abomina esse tipo de situação, em qualquer nível, e chama as autoridades humanas para impedirem que isso aconteça (...)


O cristão tem a obrigação de honrar a autoridade governante, qualquer que seja ela, e de trabalhar constantemente para lembrar a essa autoridade da tarefa que Deus lhe confiou e encorajá-la a desempenhar bem sua função. Essa tarefa principal é fazer justiça, exercitar o amor misericordioso e garantir que os fracos e vulneráveis recebam todo cuidado necessário. Assistência médica (uma das maiores inovações introduzidas pelos primeiros cristãos foi cuidar dos enfermos, inclusive dos que não eram cristãos nem parentes de cristãos), educação, trabalho em favor dos pobres -- esses sinais de que Jesus é Senhor e de que os poderes do mundo são seus servos.

N. T. Wright, O Mal e a Justiça de Deus, Ultimato.

11 de janeiro de 2010

Deus é Amor

Deus em si mesmo é uma doce associação de amor, com a primeira, a segunda e a terceira pessoas completando uma matriz social, na qual não somente se encontra o amar e ser amado, mas também o amor compartilhado com outros: a terceira pessoa. A comunidade é formada não pelo mero amor e um amor recompensado, que por si só é exclusivo, mas por um amor inclusivo compartilhado com outros. E dentro da Trindade não existe, creio, nem mesmo um pensamento de "Primeiro, Segundo e Terceiro". Não há qualquer subordinação dentro da Trindade, não por causa de algum fato metafísico profundo, mas porque os membros da Trindade não o poderiam ter.
A natureza da personalidade é inerentemente comunitária, e apenas a Trindade faz justiça ao que a personalidade é.


Dallas Willard, A Renovação do Coração, p. 219

9 de janeiro de 2010

Uma Tríade Essencialmente Amorosa

Por definição, Deus é o maior ser concebível. Como o maior ser concebível, Deus deve ser perfeito. Um ser perfeito deve ser amoroso, pois o amor é uma perfeição moral -- é melhor ser uma pessoa amorosa do que não ser. Portanto, Deus deve ser um ser perfeitamente amoroso. É da própria natureza do amor doar de si mesmo. O amor alcança outra pessoa em vez de centrar-se totalmente em si mesmo. Desse modo, se Deus é perfeitamente amoroso pela própria natureza, ele deve dar de si mesmo em amor a outro. Mas quem é este outro? Não pode ser nenhuma pessoa criada, uma vez que a criação é resultado do livre-arbítrio divino, não o resultado de sua natureza. Amar pertence à essência de Deus, mas criar, não. Assim, podemos imaginar um mundo possível no qual Deus seja perfeitamente amoroso e, ainda assim, não exista nenhuma pessoa criada. Desse modo, pessoas criadas não podem explicar suficientemente a quem Deus ama. Além do mais, a cosmologia contemporânea torna plausível que pessoas criadas nem sempre tenham existido. Mas Deus é eternamente amoroso. Desse modo, o conjunto de pessoas criadas, tomado isoladamente, não é suficiente para ser responsável pelo fato de Deus ser perfeitamente amoroso. O que resulta, portanto, é que "o outro" a quem o amor de Deus é necessariamente direcionado deve ser interior ao próprio Deus.


Em outras palavras, Deus não é uma pessoa única e isolada, como formas unitárias de teísmo afirmam; em vez disso, Deus é uma pluralidade de pessoas, como a doutrina cristã da Trindade afirma. Na visão unitária, Deus é uma pessoa que não dá de si mesmo essencialmente em amor por outro; ele está concentrado em si mesmo. Conseqüentemente, não é possível que ele seja o ser mais perfeito. Contudo, na visão cristã, Deus é uma tríade de pessoas em relacionamentos eternos de amor altruísta. Desse modo, por ser Deus essencialmente amoroso, a doutrina da Trindade é mais plausível que a doutrina unitária de Deus.






J. P. Moreland, William Lane Craig, 
Filosofia e Cosmovisão Cristã
Ed. Vida Nova, pp. 718-719


2 de janeiro de 2010

Paul Washer responde

Os vídeos a seguir são de uma entrevista com Paul Washer, um servo de Cristo cujo trabalho, por várias razões, tenho apreciado nos últimos tempos.


Aqui, Washer conta sua conversão, fala do início de seu ministério, discorre sobre o estado da igreja atual e a necessidade de reforma.


Juntamente com Frank Viola, Dallas Willard, Eugene Peterson, John Piper e N. T. Wright, tenho investido algum tempo com o seu material. Cada um desses citados tem sua particularidades e diferem muito entre si. Para mim, suas perspectivas têm sido complementares. 





Convido-o a deixar seu comentário. 

Já pensou dar de cara com ele?


É SEMPRE chocante encontrar vida quando pensamos estar sós. “Venha ver!”, gritamos, “está vivo”. É exatamente nesse ponto que muitosrecuam – eu teria feito o mesmo se pudesse – e deixam de buscar o cristianismo. Acreditar em um “Deus impessoal” – tudo bem. Em um Deus subjetivo, fonte de toda a beleza, verdade e bondade, que vive na mente das pessoas – melhor ainda. Em alguma energia gerada pela interação entre as pessoas, em algum poder avassalador que podemos deixar fluir – o ideal. Mas sentir o próprio Deus, vivo, puxando do outro lado da corda, aproximando-se em uma velocidade infinita, o caçador, rei, marido – é outra coisa. Há um momento em que as crianças que estão brincando de polícia e ladrão, de repente, ficam quietas e uma sussurra no ouvido da outra: “Você ouviu aqueles passos no corredor?” Chega uma hora em que as pessoas que ficam brincando com a religião (“a famosa busca do homem por Deus”), de repente, voltam atrás: “Já pensou se nós o encontrássemos mesmo? Não é essa a nossa intenção! E, o pior de tudo, já pensou se ele nos achasse?”


C. S. Lewis – de Miracles [Milagres]

Lewis será nosso mentor durante esse ano através da obra Um Ano com C. S. Lewis. Eventualmente compartilharei o texto com vocês. 

Desejo a todos um ano novo proveitoso e que no início do próximo ano cada um de nós possamos nos lembrar satisfeitos do progresso que obtivemos em 2010. 
Deus conosco!