(...)
E, finalmente, há a característica da catolicidade ou
universalidade da Igreja. Essa característica é mencionada pela primeira vez em
um escrito pós-apostolico, cuja intenção era declarar que, contra todos os tipos
de heresias e cismas, a verdadeira Igreja é a única que obedece ao bispo e
continua sendo o corpo de Cristo, pois a Igreja católica universal é a única na
qual Cristo está presente. Mas tarde, todos os tipos de explicações foram
adicionadas ao nome; as pessoas começaram a entender que a Igreja está
espalhada por todo o mundo, que desde o princípio até os nosso dias ela inclui
os crentes de todas as épocas, e que, desfrutando de toda verdade e Graça, ela é
o meio de salvação adequado para todas as pessoas. Essas explicações não estão
erradas se, ao pensarmos na Igreja, nós não estivermos pensando na organização
eclesiástica, na Igreja Católica Romana, por exemplo, mas se entendermos que
estamos falando da Igreja cristã, que se revela em todas as igrejas, em
diferentes graus de pureza e saúde. Essa é de fato a Igreja católica. No Velho
Testamento, a promessa-mãe foi feita a Adão e Eva e, dessa forma, a toda a
humanidade. Se, mais tarde, as condições conduziram à formação de um povo
específico em Abraão para servir como o portador da revelação, essa revelação
continuar sendo feita a toda a humanidade. Na descendência de Abraão seriam
abençoados todos os povos da terra (Gn 12.2). E a profecia conserva seus olhos
fixos nessa destinação geral da redenção (Jl 2.32; Mq 4.1,2; Zc 2.11; Is
25.6-10).
(...)
Como todos os tesouros do reino que a Igreja possui são
espirituais e não consistem de prata e ouro, em poder e força, mas em justiça,
paz e alegria no Espírito Santo, a qualidade característica da catolicidade é
acrescentada à Igreja. A Igreja não está vinculada a uma terra ou a um povo, a
um tempo ou a um lugar, ao dinheiro ou à propriedade; ela é independente de
todas as distinções e de todos os contrastes terrenos. Ela leva o Evangelho a
todas as criaturas e esse Evangelho é sempre e somente o Evangelho, uma boa
nova que é apropriada e necessária para todas as pessoas, em todas as épocas,
sob todas as circunstâncias, em todas as condições. O reino de Deus a nada se
opõe, exceto ao pecado.
Teologia Sistemática, pp. 576-579, Santa Bárbara d’Oeste, 2001,
SOCEP.
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