7 de julho de 2009

Casa do Senhor


Atravessei o saguão e fui ao encontro de João. Lá estava ele, diante do mural da nossa escola dominical, os olhos cravados nas letras garrafais que diziam, lá no alto: EU ME ALEGREI QUANDO ME DISSERAM: ENTREMOS NA CASA DO SENHOR.

- O que isso quer dizer? - ele perguntou, apontando as palavras com o indicador.

- Que devemos ficar felizes de estar na presença de Deus. - Sem querer, minha voz se elevou um pouco no fim da frase, fazendo com que minha resposta soasse mais como uma pergunta.

- Boa resposta. Por que essa frase está aqui?

- Para mostrar o compromisso missionário com a educação cristã - respondi, tentando demonstrar indiferença, mas sabendo que ele estava querendo chegar a algum lugar. Continuei: - Estamos procurando criar uma atmosfera em que as crianças gostem relamente de assistir às aulas.

- E "a casa do Senhor" é este prédio aqui? - Ele apontou para a construção.

Opa! Eu não estava gostando nada do rumno que a coisa estava tomando. Após uma pausa, respondi:

- Bom, é claro que todos nós sabemos que "casa do Senhor" é algo bem maior do que isso. - Estava desesperado para dar uma resposta correta, mas tive a desagradável sensação de não possuir nenhuma no meu arsenal.

- Mas o que pensam as pessoas que lêem isso?

- Provavelmente entendem que significa freqüentar a nossa igreja.

- E é isso que vocês desejam que elas pensem?

De novo ele deixou que o silêncio permanecesse por mais tempo do que eu era capaz de suportar.

- Imagino que sim.

- Vocês não percebem que o que há de mais precioso no Evangelho é que ele nos liberta da idéia de que Deus reside em um local determinado? Para os seguidores de Jesus essa notícia foi excelente. Não precisariam pensar num Deus que estaria encerrado no recesso do templo e apenas disponível para pessoas especiais em ocasiões especiais.

Havia um pouco de tristeza em sua voz, e ficamos calados durante algum tempo.

- E então, Jake, onde é a casa do Senhor?

- Somos nós. - De repente aquela inscrição me pareceu abosolutamente estúpida. Eu me perguntava se João sabia que ela havia sido idéia minha. Eu certamente não iria contar-lhe.

João suspirou.

- Você se lembra do que Estêvão disse pouco antes de o matarem a pedradas? "O Mais Alto não mora em casas feitas por mãos humanas." Foi aí que o atacaram, porque os fazia lembar o desafio de Jesus de destruir o templo e reconstruí-lo em três dias. As pessoas são muito sensíveis em relação aos seus prédios, principalmente quando acham que Deus habita neles.

Não falei nada. Só balancei a cabeça concordando.

Passagem do livro "Por que você não quer mais ir à igreja?" - Editora Sextante.

Para saber mais, visite o blog de divulgação: http://adeus-igreja.blogspot.com/

Veja imagens associadas às expressões:

House of the Lord
Casa do Senhor
Alegrei-me quando me disseram

4 comentários:

  1. Estou amando o livro. Um livro de 2006, de autores de que nunca tinha ouvido falar, na esteira de A CABANA, da editora Sextante. Não me impressiona a qualidade narrativa, mas as lições que João (o apóstolo) dá a Jake e a todos nós. Lições sobre confiança em Deus e no Seu amor. Estou fortemente impressionado!

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  2. Um apóstolo pós-moderno? rsrs

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  3. Para ilustrar a realidade disso, posto o texto do boletim de uma igreja em Goiânia, o qual recebi por e-mail:


    Goiânia, 16 de agosto de 2009

    ALEGREI-ME QUANDO ME DISSERAM, VAMOS A CASA DO SENHOR...
    Nesta semana eu e minha família tivemos a grata oportunidade de participarmos de um animado culto em nosso Ponto Missionário em Rio Verde e creio que o texto bíblico mais apropriado para aquilo que vimos é o Salmo 122.1: “Alegrei-me quando me disse-ram: Vamos à casa do Senhor”.
    A maioria das pessoas presentes no culto eram crianças. Isso mesmo, crianças. No início do culto a primeira leitura bíblica proposta pelo Pr. Paulo Marinho é compartilha-da, ou seja, cada versículo era lido por uma pessoa, naquele caso em especial por uma criança, pois cada uma delas leva orgulhosa para igreja a bíblia que ganhou e faz questão de participar da leitura.
    Tal fato me trouxe a memória as manhãs de domingo durante a minha infância. To-dos levantávamos no horário e nos aprontávamos para irmos a Escola Dominical. Era uma grande festa, um dia esperado por todos, especialmente por mim. Era hora de ir a Igreja, a Casa de Deus, encontrar os amigos e amigas, cantar, ir para a salinha e tan-tas outras coisas.
    Contudo, o tempo passou e hoje tenho 35 anos vividos dentro da Casa do Senhor, e infelizmente tenho notado que as pessoas não demonstram a mesma alegria em irem a Igreja. Parece-me que o ir a Igreja tornou-se mais um compromisso social do que algo voluntário e extremamente salutar na maioria das comunidades cristãs.
    O Salmista Davi ressalta que quando convidado para ir a Casa do Senhor ele se alegrava.Com certeza não era uma obrigação para Davi ir a Casa do Senhor, mas algo bom, algo maravilhoso, algo especial.
    Se Jesus, segundo a Palavra de Deus, é o mesmo ontem, hoje e eternamente, por que a maioria das pessoas não demonstra alegria em participar das programações das Igrejas, especialmente dos cultos públicos?
    Pergunto: Não deveriam ser as celebrações ao Senhor motivo de festa para as co-munidades?
    Amados e amadas, que reflitamos acerca de nossa postura em relação a nossa vi-da no que diz respeito ao irmos a Igreja. Não encaremos o participar da vida da Igreja como uma obrigação, algo pesado, algo incomodo, mas como algo salutar benéfico, alegre, maravilhoso, especial, de maneira que já ao sairmos de casa estejamos com nossos corações voltados para o Senhor, para seu louvor, para sua adoração.
    Que o exemplo de nossos pequeninos e pequeninas do Ponto Missionário em Rio Verde seja pra nós motivo de estimulo de maneia a verdadeiramente nos alegrarmos quando convidados para irmos a Casa do Senhor.
    Deus abençoe a todos nós.
    Do seu pastor e amigo, _____________

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