Jesus
anunciou nas bem-aventuranças que mesmo as pessoas mais desprovidas de
insignificantes da terra poderiam ser abençoadas por viver no reino: os
pobres, os tristes, os em reputação ou crédito (os mansos), e assim por
diante (Mt 5.3-10; Lc 6.20-23). A bem-aventurança não estava em sua
condição de pobres, tristes ou desrespeitados. Eles eram abençoados
porque podiam entrar no reino, e estar no reino significa ser abençoado não importa o que mais aconteça.
Eles podem descansar nisso. Seu futuro em Deus está assegurado, e sua
condição presente, redimida. Para sempre. De qualquer forma.
Assim, na visão de mundo de Jesus, ser próspero, ter a “boa vida”, não inviabiliza o ser uma pessoa verdadeiramente boa.
O conflito que os moralistas têm enfrentado em vão por séculos
reconciliar é reconciliado por aqueles que vivem no reino de Deus. Não
tenho de entregar minha integridade para me assegurar ao que é bom para
mim. Uma pessoa realmente boa, como Jesus ensina, é alguém impregnado de amor:
amor pelo Deus que “nos amou primeiro” e que, em seu Filho nos ensinou o
que é o amor (1 Jo 4. 9-11). E então, como resultado da abundância de
tal vida no reino, levará amor a todos com quem temos contato
significativo, nossos “próximos”. A riqueza da vida Shemá (Dt. 6. 4-5)
naturalmente flui para dentro da cena humana.
O
amor significa disposição para o bem, determinação em beneficiar o que
ou quem é amado. Podemos dizer que amamos bolo de chocolate, mas não
amamos. Antes, queremos comê-lo. Isso é desejo,
e não amor. Em nossa cultura, temos um grande problema em distinguir
entre amor e desejo, mas é essencial que façamos essa distinção. O grego
do Novo Testamento tem várias palavras para “amor”. Duas são eros (de
onde obtemos a palavra “erótico”) e ágape. Amor ágape, talvez a maior
contribuição de Cristo à civilização humana, deseja o bem a quem quer esteja voltado.
Ele não deseja consumi-lo. O ensino sobre amor que ainda permeia a
civilização ocidental em seus melhores momentos entende isso. O chamado
mais eleveado a seres morais é o de amar. Muito antes da vinda de Cristo
isso era compreendido de maneira obscura. Sócrates observou, de acordo
com Platão, que “o bem faz bem a seus vizinhos e o mal lhe faz mal”. Mas
os gregos, como todo o seu fulgor, nunca conseguiram resolver o próximo
problema da fila, que era como alguém se torna uma pessoa
verdadeiramente boa no sentido já abordado. Como Jesus responde a essa
quarta pergunta sobre visão de mundo?
Como você se torna uma pessoa verdadeiramente boa? Você coloca a sua confiança em Jesus Cristo e se torna seu aluno ou aprendiz na vida no reino. Isso equivale a, progressivamente, entrar na abundância de
vida que ele nos traz. Você aprende dele como viver no reino de Deus
como ele mesmo viveu. Há muito a ser aprendido depois que você entra.
Passar pela porta não é necessariamente viver na casa. Nossa confiança
de que Jesus é “O Único” nos leva a ir constantemente à escola com ele,
levando nossa vida inteira conosco, e é em fazer isso que o amor vem
impregnar nossa vida a ponto de sermos de maneira inequívoca seus
alunos. Ele disse: “Com isso todos saberão que vocês são meus
discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (Jo 13.35). Ele pode
impor esse desafio a si mesmo como mestre porque não conhece nenhum
outro que possa produzir a transformação humana que ele tem em mente.
Como
discípulo de Jesus, estou aprendendo com ele como levar minha vida como
ele levaria minha vida se fosse eu. Você está aprendendo com Jesus
como levar sua vida como ele levaria a sua vida se fosse você. Sim, a
vida que você tem. As mulheres não precisam se preocupar com serem
excluídas dessa declaração. Por razões específicas, embutidas em sua
missão, sem dúvida, ele precisava ser do sexo masculino. Mas fora
algumas circunstâncias localizadas, não há nenhuma pessoa nesta terra
que Jesus não poderia ter sido. Ele veio de forma humilde e assim viveu
(Fp 2.5-11). ELe abdicou do poder supremo. Aprendeu a viver no reino de
Deus como ser humano comum. Deus também estava na vida humana comum. A
“encarnação” não diz respeito apenas aos eventos de sua concepção e
nascimento. Ela representou o vestir-se de “carne” em todo o seu
significado humano. Ele poderia viver em suas circunstâncias agora.
Poderia ser você e ainda viver no reino de Deus. Você pode ser seu
aprendiz, não importa quem você é e onde você esteja. É como seus amigos
pessoais, vivendo interativamente com ele, que conhecemos a verdade e
temos a liberdade -- o poder sobre o mal -- que vem com esse
conhecimento (Jo 8.31-32)
Dallas Willard, Conhecendo a Cristo Hoje, pp. 64-67
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