27 de dezembro de 2010

Tim Keller e a Missão Urbana Global de Deus


What is God’s Global Urban Mission? from Redeemer City to City on Vimeo.
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Esses vídeos são registros da participação de Timothy Keller no Congresso Cape Town 2010 do Movimento Lausanne, realizado em outubro passado, na África do Sul. Tim Keller falou sobre "Megacidades" e “Abraçando a Missão Urbana Global de Deus”. 

Comentários sobre o Congresso Lausanne podem ser lidos no site da Editora Ultimato.

Este texto foi escrito por Tim Keller para dar um panorama geral do tópico discutido nas sessões do congresso.

O autor de vários livros, incluindo A Fé na Era do Ceticismoo Deus Pródigo, e Deuses falsos, é conhecido por sua habilidade para vencer os nova-iorquinos cético à fé e à parceria com outras igrejas para o ministério de misericórdia e de plantação de igrejas. 

Ele é o pastor sênior da Redeemer Presbyterian Church , em Nova York e também ajuda a levar  Redeemer City to City (antigo Redeemer Church Planting Center) - uma organização que se concentra em plantação de igrejas para a renovação das cidades globais e recursos de conteúdos para os líderes que querem trazer o poder do Evangelho a toda a parte da vida, a fim de catalisar e servir a um movimento global de líderes que criam novas igrejas, novos empreendimentos e novas expressões do Evangelho de Jesus Cristo para o bem comum. 



Mais recursos:



21 de novembro de 2010

O Pior Pecado - C. S. Lewis

"Para encerrar, apesar de eu ter falado bastante a respeito de sexo, quero deixar tão claro quanto possível que o centro da moralidade cristã não está aí. Se alguém pensa que os cristãos consideram a falta de castidade o vício supremo, essa pessoa está redondamente enganada. Os pecados da carne são maus, mas, dos pecados, são os menos graves. Todos os prazeres mais terríveis são de natureza puramente espiritual: o prazer de provar que o próximo está errado, de tiranizar, de tratar os outros com desdém e superioridade, de estragar o prazer, de difamar. São os prazeres do poder e do ódio. Isso por que existem duas coisas dentro de mim que competem com o ser humano em que devo tentar me tornar. São elas o ser animal e o ser diabólico. O diabólico é o pior dos dois. E por isso que um moralista frio e pretensamente virtuoso que vai regularmente à igreja pode estar bem mais perto do inferno que uma prostituta. E claro, porém, que é melhor não ser nenhum dos dois."
(contexto)


"De acordo com os mestres do Cristianismo, o pecado principal, o supremo mal, é o orgulho. A falta de pureza, a ira, a ganância, a embriaguez e tudo o mais, em comparação com ele, são ninharias. Foi pelo orgulho que o demônio tornou-se o demônio. O orgulho conduz a todos os outros pecados: é o mais completo estado de alma anti-Deus."




8 de novembro de 2010

O futuro do movimento de Lausanne

René Padilha

Os números relacionados com o Terceiro Congresso Internacional de Evangelização Mundial — que aconteceu na Cidade do Cabo, África do Sul, de 17 a 24 de outubro, sob o tema “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5:19) — são impressionantes. Estiveram presentes mais de 4 mil participantes de 198 países. Além disso, houve cerca de 650 sites de Internet conectados com o Congresso em 91 países e 100 mil “visitas” de 185 países. Isto significa que milhares de pessoas de todo o mundo puderam assistir às sessões por meio da Internet. Doug Birdsall, o presidente executivo do Movimento de Lausanne, provavelmente tem razão em afirmar que Cidade do Cabo 2010 foi “a assembleia evangélica global mais representativa da história”. Sem dúvida, este resultado foi alcançado, em grande medida, por meio de seu longo esforço. 


Igualmente impressionantes foram os muitos arranjos práticos que se fizeram antes do Congresso. Além do difícil processo de seleção dos oradores para as plenárias e para os “multiplexes” (seminários) e as sessões de diálogo, dos tradutores e dos participantes de cada país representado, havia duas tarefas que devem ter envolvido muito trabalho antes do Congresso: a Conversa Global de Lausanne, para possibilitar que muita gente ao redor do mundo fizesse seus comentários e interagisse com outros, aproveitando os avanços tecnológicos contemporâneos; e a redação da primeira parte (a teológica) do Compromisso da Cidade do Cabo, redigida pelo Grupo de Trabalho Teológico de Lausanne, sob a direção de Christopher Wright. 



Uma avaliação positiva de Lausanne III 

A melhor maneira de comprovar o valor de uma conferência como Lausanne III é analisar os resultados concretos que ela produz posteriormente em relação com a vida e missão da igreja. Por esta razão, a avaliação presente da conferência que acaba de ser realizada na Cidade do Cabo tem que ser considerada como nada mais do que uma avaliação preliminar. 



Cada um dos seis dias de programa (com um dia livre entre o terceiro e o quarto) tinha um tema: 



1) Segunda-feira – Verdade: Defender a verdade de Cristo em um mundo pluralista e globalizado. 

2) Terça-feira – Reconciliação: Construir a paz de Cristo em nosso mundo dividido e ferido. 

3) Quarta-feira – Religiões Mundiais: Testemunhar o amor de Cristo a pessoas de outras crenças. 

4) Sexta-feira – Prioridades: Discernir a vontade de Deus para evangelização deste século. 
5) Sábado – Integridade: Chamar a igreja de Cristo de volta à humildade, integridade e simplicidade. 
6) Domingo – Parceria: Formar parceria no corpo de Cristo rumo ao novo equilíbrio global. 



Cada um destes temas chaves, qualificados como “os maiores desafios para a igreja na próxima década”, era o tema de estudo bíblico e da reflexão teológica a cada dia pela manhã. O texto bíblico que se usava na série intitulada “Celebração da Bíblia” era a carta aos Efésios. Um dos aspectos mais positivos do programa foi o estudo indutivo da passagem do dia, em grupos de seis membros sentados ao redor de uma mesa. Isto deu aos membros do grupo a oportunidade de aprender juntos, de orar uns pelos outros, desenvolver novas amizades e construir alianças para o futuro. Ao estudo bíblico em grupos, seguia a exposição da passagem de Efésios selecionada para esse dia. Sem minimizar a importância da música, do teatro, das artes visuais, dos testemunhos e das apresentações multimídia, uma alta porcentagem dos participantes sentiu que o tempo dedicado a “Celebrar as artes” poderia ter sido reduzido para dar mais tempo para “Celebrar a Bíblia”, atividade que gostaram muito.



Cabe fazer uma menção especial aos vários testemunhos que foram dados nas sessões plenárias pela manhã por certas pessoas cuja experiência de vida ilustrava claramente o tema do dia. Quem que esteve ali poderia se esquecer, por exemplo, da jovem palestina e do jovem judeu que falaram juntos sobre o significado da reconciliação em Cristo acima das barreiras raciais? Ou da missionária estadunidense que falou sobre testificar do amor de Cristo a pessoas de outras religiões, contando como vários cristãos — incluindo seu esposo, médico de profissão — foram assassinados por muçulmanos enquanto regressavam de um povoado isolado onde haviam estado servindo movidos pela compaixão cristã no Afeganistão?



Nos “multiplexes” e nas sessões de diálogo de cada dia (à tarde), foram exploradas em profundidade as implicações práticas do estudo e da reflexão bíblicas da manhã. Certamente que o debate mais relevante sobre os diferentes temas não se realizava necessariamente dentro dos limites de tempo definidos no programa mas nas conversas informais fora do programa oficial. De qualquer maneira, é um fato que muita da reflexão mais rica sobre os assuntos relacionados com os problemas globais contemporâneos se dava nas sessões da tarde. Estas sessões participativas, nas quais se levavam em conta a compreensão da diversidade de perspectivas representadas; a contextualização de ideias, modelos, contatos e materiais; e o compromisso para articular planos de ação, serão a base para a segunda parte do Compromisso da Cidade do Cabo. O plano é publicar o documento de duas partes (a teológica e a prática) com um guia de estudo no fim de novembro. 



Dos vinte e dois multiplexes que se ofereceram durante o Congresso, houve especialmente três que enfocavam assuntos que poderiam ser considerados como os mais críticos para o hemisfério Sul: a globalização, a crise ambiental e a relação entre riqueza e pobreza. Estes três fatores estão vinculados intimamente entre si e, em vista do enorme impacto que produzem em milhões de pessoas no mundo das grandes maiorias, merecem muito mais atenção que receberam até o momento por parte do movimento evangélico. 



Sérias deficiências 

Segundo a definição oficial de sua missão, o Movimento de Lausanne existe para “fortalecer, inspirar e equipar a Igreja para a evangelização mundial em nossa geração, e exortar os cristãos sobre seu dever de participar em assuntos de interesse público e social”. Uma análise detalhada desta definição expõe a dicotomia que influenciou um grande segmento do movimento evangélico, especialmente no mundo ocidental: a dicotomia entre evangelização e responsabilidade social. Por causa desta dicotomia, relacionada estreitamente com a dicotomia entre o secular e o sagrado, o Movimento de Lausanne se propõe a “fortalecer, inspirar e equipar a Igreja para a evangelização” mas só “exortar os cristãos” a respeito de sua responsabilidade social. O pressuposto que está implícito é que a missão prioritária da igreja é a evangelização, concebida em termos de comunicação oral do Evangelho; enquanto que a participação em assuntos de interesse público e social — as boas obras por meio das quais os cristãos cumprem sua vocação como “luz do mundo” para a glória de Deus (Mateus 5:16) — é um dever secundário, para o qual os cristãos não necessitam ser fortalecidos, inspirados e equipados, apenas exortados. 



Na exposição bíblica de terça-feira, baseada em Efésios 2 (o segundo dia do Congresso), esclareceu-se, a partir do texto bíblico, que Jesus Cristo é nossa paz (v.14), fez nossa paz (v.15) e anunciou paz (v.17). Em outras palavras: em Cristo, o ser, o fazer e o proclamar paz (“shalom”, vida em abundância) são inseparáveis. A igreja é fiel ao propósito de Deus na medida em que ela prolonga a missão de Jesus Cristo na história, manifestando a realidade do Evangelho concretamente não apenas pelo que diz mas também pelo que é e pelo que faz. A missão integral da igreja está enraizada na missão de Deus em Jesus Cristo, missão que envolve toda a pessoa em comunidade, a totalidade da criação e cada aspecto da vida. 



A exposição bíblica baseada em Efésios 3, no dia seguinte, pôs em relevo a necessidade urgente que o Movimento de Lausanne tem de esclarecer teologicamente o conteúdo da missão do povo de Deus. Em contraste com o que se disse no dia anterior, o pregador designado para a quarta-feira afirmou que, se bem que a igreja se preocupa com toda a forma de sofrimento humano, ela se preocupa especialmente pelo sofrimento eterno e, consequentemente, está chamada a dar prioridade à evangelização dos perdidos. 



Uma séria deficiência de Lausanne III foi não dar tempo para a reflexão séria sobre o compromisso que Deus espera de seu povo em relação à sua missão. Lamentavelmente, não houve tempo para dialogar sobre o Compromisso da Cidade do Cabo, sobre o qual o Grupo de Trabalho Teológico, dirigido por Christopher Wright, tinha trabalhado por um ano com a intenção de circulá-lo no começo do Congresso. Compartilhou-se o documento apenas na sexta-feira à noite, e não foram tomadas medidas para que os participantes escrevessem pelo menos seus comentários pessoais antes do encerramento da conferência em resposta a perguntas específicas. Segundo o Comitê Executivo, não havia tempo para isso! A postura negativa assumida pelos organizadores do programa a respeito da recomendação de um grupo de participantes anciãos interessados em conseguir que todos os participantes vissem o documento como algo seu, não apenas conspira contra esse propósito. É também um sinal de que o Movimento de Lausanne está ainda muito longe de alcançar a parceria sem a qual não tem base para se considerar um movimento global. 



Em comparação com o tratamento que recebeu o documento produzido pelo Grupo de Trabalho Teológico, dedicou-se, na quarta-feira, toda uma sessão plenária à estratégia para a evangelização do mundo nesta geração — uma estratégia elaborada nos Estados Unidos baseada numa lista de “grupos de povos não-alcançados” preparada pelo Grupo de Trabalho Estratégico de Lausanne. Tal estratégia refletia a obsessão pelos números, típica da mentalidade de mercado que caracteriza um setor do movimento evangélico dos Estados Unidos. Por outro lado, segundo muitos participantes do Congresso que conhecem de primeira mão as necessidades de seus respectivos países em relação à evangelização, a lista de grupos de povos não-alcançados não fazia justiça à situação real. Curiosamente, não constava na lista nenhum grupo não-alcançado nos Estados Unidos! 



Outra deficiência de Lausanne III foi que, como destacou o Grupo de Interesse em Reconciliação, não se fez nenhuma menção oficial ao fato de que o Congresso estava sendo realizado num país que até poucos anos estava dominado pelo Apartheid e ainda sofre a injustiça social resultante desta política. Na realidade, o Congresso realizou-se no Centro Internacional de Convenções que foi construído sobre o terreno que se reivindicou com os escombros do Distrito Sul da Cidade do Cabo quando, em 1950, esse distrito foi declarado uma zona exclusiva para brancos. Consequentemente, cerca de 60 mil habitantes negros foram expulsos da área à força e seus lares foram arrasados por completo. Entretanto, os organizadores da Cidade do Cabo 2010 fizeram ouvidos surdos ao pedido do Grupo de Interesse em Reconciliação que rechaçasse oficialmente “as heresias teológicas que deram sustento ao Apartheid” e lamentasse “o sofrimento sócio-econômico que é o legado atual do Apartheid”. Alguém pode se perguntar quão sério são os líderes do Movimento de Lausanne em seu compromisso com o Pacto de Lausanne, segundo o qual “a mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam” (parágrafo 5). 



A parceria na missão e o futuro do Movimento de Lausanne 

Um fato que hoje reconhecem e mencionam com frequência aqueles que têm interesse na vida e missão da igreja em nível global é que, nas últimas décadas, o centro de gravidade do cristianismo se deslocou do Norte e do Ocidente para o Sul e o Oriente. Apesar disso, com demasiada frequência os líderes cristãos do Norte e do Ocidente, especialmente nos Estados Unidos, continuam considerando que eles são os encarregados de desenhar a estratégia para a evangelização de todo o mundo. Como se afirma na página sobre o “Sexto Dia – Parceria” do livro que contém a descrição detalhada do programa do congresso, “o centro da liderança organizacional, do controle financeiro e das tomadas de decisão tende a permanecer no norte e no ocidente”. 



Tristemente, o maior obstáculo para implementar uma verdadeira parceria na missão é a riqueza do Norte e do Ocidente; a riqueza que Jonathan Bonk, em seu importante livro sobre “Missions and Money” [Missões e dinheiro], descreveu como “um problema missionário ocidental”. Se é assim, e se o Movimento de Lausanne vai contribuir significativamente com o cumprimento da missão de Deus por meio do seu povo, chegou o momento de que a força missionária conectada com este movimento, incluindo seus estrategistas, renuncie ao poder do dinheiro e modele a vida missionária na encarnação, no ministério terreno e na cruz de Jesus Cristo. 


- Texto enviado pelo autor para Editora Ultimato. Traduzido por Novos Diálogos.


• René Padilla, autor de O Que é Missão Integral? (Editora Ultimato, no prelo), é um dos teólogos e pensadores protestantes latino-americanos mais conhecidos em todo o mundo. Nascido no Equador e residente em Buenos Aires, Argentina, é fundador e presidente da Fundação Kairós e da Rede Miqueias.

18 de setembro de 2010


"Acho que o arcebispo de Canterbury e o Papa poderiam muito bem discutir o grande desafio a todas as igrejas na face ocidental afirmando de forma renovada e vivendo o Evangelho em um confuso mundo pós-moderno com uma profunda fome de espiritualidade, mas uma profunda desconfiança da Igreja ".

Uma Proclamação Fiel


A mensagem do evangelho são as boas-novas de redenção e reconciliação, expressas poderosamente nas palavras do apóstolo Paulo: "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação [...]. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus" (2 Co 5.17-20).

Esse evangelho, euangelion, essas boas-novas maravilhosas são que nós não temos mais de ficar do lado de fora, proibidos da intimidade com Deus por causa do nosso pecado e da rebelião. Sabendo que somos seres de dura cerviz e de coração empedernido, Deus providenciou um caminho para chegarmos ao seu coração. E esse caminho é Jesus, que diz: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida" (Jo 14.6). Jesus é a porta que se abre para a grande graça e misericórdia de Deus.

A mensagem do evangelho está plantada na pessoa de Jesus Cristo, a Palavra viva de Deus. No evento Cristo – nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus –, foi aberto o caminho para que nos reconciliemos com Deus.

Jesus mesmo anunciou essas boas-novas do evangelho em seu chamado cifrado: "Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo" (Mt 4.17). A palavra "arrepender" (metanoeo) significa aqui literalmente "dar meia-volta na mente". Em outras palavras, devemos reavaliar todo nosso estilo de vida à luz deste grande fato: na pessoa de Jesus Cristo, o Reino dos céus se tornou acessível aos seres humanos.

O que isso significa? Significa que podemos ser reconciliados com Deus. Significa que podemos ser renovados. Significa que podemos nascer do alto. Significa que podemos experimentar o perdão dos pecados pela morte expiatória de Jesus sobre a cruz*. Significa que podemos entrar numa relação de amor, viva e eterna com Deus, por meio de Jesus Cristo, o Filho, pelo poder do Espírito Santo. Com certeza, essas notícias são de fato muito boas!

Ouçam Jesus e seu grande convite da graça: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11.28-30).

Portanto, somos convidados a uma nova vida em Cristo. E adquirimos essa vida somente pela fé. Não há nada que possamos fazer para ser bons o suficiente para recebê-la. É um dom, totalmente gratuito (pela graça): "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8,9). Nas palavras de P. T. Forsyth: "O cristianismo não é o sacrifício que fazemos, mas o sacrifício em que confiamos; não é a vitória que vencemos, mas a que herdamos. Esse é o princípio evangélico".

Por favor, entenda: não estamos aqui conversando somente (nem principalmente) sobre como podemos entrar no céu quando morrermos. Entrar no céu é uma questão de consequência genuína (e isso vem como parte do pacote completo), mas as boas-novas do evangelho são que a vida abundante em Cristo começa agora, e a morte passa a ser apenas uma transição menos desta vida para a Vida maior.

Desse modo, as boas-novas do evangelho são que entramos na vida em Cristo como discípulos dele agora mesmo. Isso não significa crer agora e matricular-se como discípulo depois, se estivermos interessados (como se fosse possível crer sem ser discípulo). Crer em Jesus e ser discípulo de Jesus são partes da mesma ação. Nós recebemos Jesus Cristo, a Palavra viva de Deus, como nossa vida. Ele promete estar unido conosco conforme estamos unidos com ele, e promete nos ensinar a viver nossa vida como se fosse ele em nosso lugar. Ele está vivo e entre nós, em todos os seus ofícios: como nosso Salvador, para nos redimir; como nosso Mestre, para nos guiar; como nosso Senhor, para nos governar; e como nosso Amigo, para andar ao nosso lado. Dessa forma, crescemos cada vez mais na semelhança com Cristo, "pois aquele que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho" (Romanos 8.29a).

Além disso, recebemos a honra de falar a todos os povos dessa boa notícia de vida perene em Cristo: "Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei" (Mateu 28.19,20a).

Entretanto, não podemos realizar isso sem que primeiro ocorra a obra de transformação de vida em nós. Não podemos pregar as boas novas e ser más notícias. Desse modo, fazendo os ajustes culturais necessários, entramos na vida dos Evangelhos e fazemos o que eles fizeram e vivemos como eles viveram. Quando incorporamos as palavras de Cristo em nosso coração, s pessoas ao nosso redor, ao verem o poder transformador de Deus, dirão: "Precisamos entrar nessa". O que estamos oferecendo ao mundo é a vida como ela deveria ser.

Lembre-se, estamos convidando as pessoas não meramente para aceitar um conjunto de crenças a respeito de Jesus que de alguma forma vai acionar a alavanca divina e mandá-las para o céu quando morrerem. Não mesmo! Estamos convidando as pessoas a crer em Jesus e se tornarem discípulos dele e, como seu discípulos (ou aprendizes), matricularem-se na sua escola de vida. Dessa forma elas aprenderão com o Caminho, assumindo gradativamente para si as esperanças, os sonhos, os desejos, os hábitos e as habilidades de Jesus. É assim que aprendemos a "obedecer a tudo o que eu lhes ordenei". Não há outro meio.


Richard Foster, Rios de Água Viva,
Ed. Vida, pp. 307-310