Adoração celebra os feitos poderosos de Deus e colabora com o próximo estágio do propósito redentor.
Introdução. A cena de Apocalipse, capítulos 4 e 5 é espetacular. João, ao ter a visão, é convocado a tornar-se um espectador da corte celestial, assistindo toda a criação derramar seu incessante louvor diante de seu Criador. Apocalipse 4 e 5 não é uma visão de um futuro distante - as pessoas às vezes pensam “ é assim que vai ser quando chegarmos no céu”. A visão do futuro em Apocalipse está nos capítulos 21 e 22. Esta é a dimensão celestial da realidade presente.
Entrelaçando as esferas da Criação. Aparentemente “suba para o céu” e “me vi tomado pelo Espírito,” nos primeiros dois versículos do capítulo 4, são expressões funcionalmente equivalentes: céu e terra são esferas entrelaçadas de uma única criação de Deus. Quando João está no Espírito, ele está conectado à dimensão celestial daquilo que chamamos de vida normal. Esta cena revelada a ele começa com a descrição da sala do trono celestial, assim como aquela em Ezequiel 1. A pessoa de Deus não é descrita - o que é significativo - mas o senso da Sua presença e majestade permeia toda a passagem. Não nos surpreendemos quando a primeira coisa que acontece é adoração – apesar de ficarmos surpresos em ver que os primeiros adoradores são animais e não humanos. Os quatro seres viventes – o leão, o boi, aquele com uma face humana e a águia - têm seis asas como o serafim em Isaías 6 e louvam a Deus incessantemente com o Triságio: “Santo, Santo, Santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso que era, que é e que há de vir”. Neste contexto de louvor de toda a criação, 24 anciãos - representando o povo de Deus da Velha e da Nova Aliança – prostram-se e declaram que Deus é digno de toda aquela adoração porque Ele é o poderoso Criador de todas as coisas. Em inglês, a palavra adoração – worship - é etimologicamente relacionada à palavra digno - worthy. Adoração significa reconhecer o valor, a majestade, a dignidade daquele que é adorado – Aquele que está assentado no trono. Adorar é reconhecer, com alegria e celebração, que Deus é Aquele que é e faz o que faz.
Verdades que emergem da adoração. De saída, dois pontos fundamentais emergem desta passagem. Primeiro, adoração bíblica está fundamentada no fato de que Deus é o Criador de tudo. Qualquer tentativa de escorregar para um dualismo, no qual a criação é secundária ou completamente má, está excluída. Segundo, a tarefa dos seres humanos é oferecer uma expressão inteligente da adoração que resto da criação está oferecendo. Céus e terra estão cheios da glória de Deus, mas nós, seres humanos criados à imagem de Deus, somos chamados a reconhecer que isto é adoração e colocar isso em palavras e expressões conscientes de louvor. É isto que você faz toda vez que diz “santificado seja o Teu Nome” ou “glória seja ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. Tudo isto é uma reprise de Gênesis 1: “Deus viu tudo quanto havia feito e disse que era bom”. Depois de criar o homem, Deus disse que era “muito bom”. O ser humano - homem e mulher, feitos à imagem de Deus – foi designado para ser o clímax de toda a Criação.
O homem no projeto da Criação. Gênesis 1 era o início de um projeto, não um quadro fixo, ou um projeto falho. Em Apocalipse 5, nós vemos que Deus está segurando um pergaminho, um pergaminho que contém - pelo que entendemos - o propósito soberano de Deus para o mundo. Mas o pergaminho precisa ser aberto por alguém e João chora porque ninguém pode fazê-lo. Mais especificamente, a tarefa requer um ser humano, mas ninguém está qualificado. Então vemos o Leão - que também é o Cordeiro, o Messias, a Raiz de Davi que venceu, porque Ele é também o Cordeiro que foi sacrificado – que envia os Sete Espíritos de Deus para o mundo. Ele é o único que pode levar à frente o projeto de Deus - não apenas para os seres humanos, mas para toda a criação. O resultado é uma nova explosão de louvor. Apocalipse 5 desenvolve o pensamento de Apocalipse 4 e desta vez o cântico da criação toma a forma de um cântico da redenção. Agora há música instrumental, incenso, oração e cânticos. É uma nova canção, a canção da nova criação, trazendo os elementos da criação para celebrar a redenção. A canção abre um novo mundo de possibilidades na adoração, celebrando a morte redentora do Messias e a ressurreição, que transforma seres humanos em reis e sacerdotes que trazem a nova ordem de Deus para o mundo. No final da passagem - ao término da canção - os quatro seres viventes respondem “Amém” e nos vemos de volta ao ponto de onde começamos.
Adoração como progressão e integração. Veja como isto funciona: 1) a criação adora a Deus, o Criador; 2) os humanos articulam aquela adoração de forma consciente; 3) os humanos adoram a Deus pela redenção; e 4) a criação diz “Amém”. Nós vemos aqui a integração entre céu e terra e também da criação e da humanidade em adoração. Vemos também que o propósito de Deus não é salvar o homem do mundo, mas salvar o homem para o mundo. O propósito dele é capacitar seres humanos para serem Seus reis e sacerdotes, trazendo nova ordem e redenção para a Criação. A antiga caricatura do céu, como um lugar chato e sem nada para se fazer - a não ser tocar harpas o dia todo - vem de uma interpretação errônea do Apocalipse. Nesta cena - e depois de forma mais abrangente no fim do livro - o povo de Deus não é apenas adorador, mas também trabalhador, trazendo a nova criação para a realidade. A adoração é o início desta tarefa, como vamos ver adiante.
Recontando a história. Ao final, a visão não é de seres humanos escapando deste mundo e indo para o céu, mas sim da Nova Jerusalém descendo do céu para a terra. A adoração cristã é definida aqui: adorar é recontar a história do que Deus fez, está fazendo e ainda fará – como nos grandes salmos e canções do Velho Testamento. A adoração celebra os feitos poderosos de Deus e colabora com o próximo estágio do propósito redentor.
N. T. Wright é teólogo da Westminster Abbey, e foi deão da Catedral de Lichfield, na Inglaterra. É um autor prolífico e reconhecido por seu trabalho à respeito da história de Cristo, que inclui um trabalho de 700 páginas entitulado “Jesus e a Vitória de Deus”. Atualmente é o Bispo de Durham, servindo ativamente a igreja moderna na redescoberta do Jesus bíblico. Este artigo foi usado com a permissão de N.T. Wright e do Calvin College – www.calvin.edu
Fonte: Inside Worship Magazine
Ola Dliver,
ResponderExcluirVim conhecer seu blog... Sempre te vejo pelo twitter mas não conhecia seu sitio. Achei super! Voce tem interesse em fazer um parceria de banners ou link, se topar me avise no Genizah.
A PAz!
Danilo
http://genizah-virtual.blogspot.com/