29 de agosto de 2009

Simplesmente Igreja


"Se Deus é o nosso pai, a igreja é a nossa mãe" -- essas palavras são do reformador suíço João Calvino. Várias passagens bíblicas falam desta maneira (notadamente Gálatas 4.26-27, citando Isaías 54.1), enfatizando que é impossível, desnecessário e indesejável que o cristão viva sozinho, assim como um bebê recém-nascido não sobrevive por si só.

A igreja é, antes e acima de tudo, uma comunidade, um ajuntamento de pessoas que pertencem umas às outras porque pertencem a Deus, o Deus que conhecemos em e através de Jesus. Embora muitas vezes usemos a palavra "igreja" para designar um edifício, este é apenas o lugar onde essa comunidade se reúne. Os edifícios certamente podem guardar muitas lembranças. Locais onde as pessoas oraram, adoraram, choraram e celebraram por muitos anos testemunham poderosamente da presença bem-vinda de Deus. Porém, as pessoas é que são importantes.

A Igreja existe principalmente para cumprir dois propósitos intimamente relacionados: adorar a Deus e trabalhar pelo estabelecimento do seu reino no mundo. Cada um de nós pode e deve trabalhar individualmente pelo reino de Deus, mas para que ele cresça deve mos trabalhar juntos tanto quanto trabalhamos separadamente.

Há também um terceiro propósito da igreja, que serve aos outros dois: encorajamento mútuo, edificar uns aos outros na fé, orar uns pelos outros, aprender uns com os outros, servir de exemplo, desafiar uns aos outros a assumir e a realizar tarefas urgentes. Tudo isso está incluído naquilo que chamamos de comunhão. Não estou me referindo a tomarmos um chá ou café juntos. Comunhão envolve um senso de cooperação mútua, como uma família, onde todos participam e cada um tem uma tarefa a cumprir.

É nesse contexto que os diferentes "ministérios" da igreja têm crescido. Desde as evidências mais antigas encontradas no livro de Atos dos Apóstolos e nas Cartas de Paulo, a igreja tem reconhecido os diferentes chamados dentro da comunidade. Deus tem concedido diferentes dons a pessoas diferentes, visando o crescimento da igreja e o cumprimento da tarefa que lhe foi confiada.

Adoração, comunhão e trabalho refletem o reino de Deus no mundo, fluindo de dentro para fora de cada um de nós. Você não consegue refletir a imagem de Deus sem retornar à adoração a fim de manter a imagem fresca e autêntica. Do mesmo modo, a adoração sustenta e alimenta a comunhão; sem ela, a comunhão facilmente se deteriora em grupinhos com a mesma opinião, que logo se tornam panelinhas exclusivas -- exatamente o contrário daquilo que Deus espera do seu povo.

É dentro da igreja, mesmo quando nem tudo vai bem, que a fé cristã é alimentada para crescer e amadurecer. Como acontece na família, seus membros descobrem que vivem uma relação de mutualidade. As igrejas podem ser de diferentes tamanhos. Algumas reúnem um grupo pequeno de pessoas dispersas em vilarejos isolados, outras são enormes congregações com milhares de membros, como acontece atualmente em algumas partes do mundo. O ideal seria que todo cristão pudesse se integrar a um grupo pequeno o bastante para permitir que todos se conhecessem e e grande o suficiente para conter uma ampla variedade de pessoas e diferentes estilos de adoração e de atividades em prol do reino. Quanto menor a comunidade local, maior a necessidade de ela se manter ligada a uma igreja maior. Quando maior o número de pessoas (refiro-me a algumas igrejas que reúnem centenas ou mesmo milhares de pessoas semanalmente), mais importante é que cada membro procure se juntar também a um grupo menor. O ideal é que os grupos de oração, estudo bíblico e edifícação mútua reúnam não mais do que doze pessoas.

N. T. Wright, Simplesmente Cristão, pp. 222-224.





Um comentário:

  1. 7 Razões Porque Precisamos de Pequenos Grupos

    John Piper

    Trecho de um sermão pregado em 20 de Setembro de 2009 na Bethlehem Baptist Church. Piper têm enfatizado a importância da participação em pequenos grupos em muitos dos seus sermões.

    http://www.bomcaminho.com/Videos/v_jp001/v_jp001.htm

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