The With-God Life Under the New Covenant"
Dallas Willard
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Mas, se você observar o que é geralmente aceito e feito nas versões contemporâneas dessas grandes tradições protestantes, o que eu disse aqui, repito, parecerá radical e novo - talvez até uma completa maluquice. (Quem pensaria em colocar isso em prática na congregação?) Nesse caso, pelo menos tenho o consolo de estar em excelente companhia.
O livro III das Institutas ou Tratado da Religião Cristã, por exemplo, é uma abordagem da Vida Cristã. No capítulo VII do livro III, ele resume a Vida Cristã numa expressão: "negação de si mesmo". Não auto-estima, certamente, nem realização pessoal. A apresentação que faço aqui da obediência e da disciplina é bem moderada se comparada com o que Calvino diz naquele capítulo e nos seguintes. Mas a sua interpretação da fé em Cristo é a mesma que eu apresentei aqui. Convido o leitor a ler e conferir. O mesmo posso dizer com respeito às outras tradições mencionadas, sem exceção, embora em outros aspectos exibam as suas peculiaridades distintivas.
Um dos defeitos de uma época desprovida da noção de passado é supor que o que existe hoje é o que sempre existiu, e que nada mais é novo, errado ou ambos. Mas atualmente a única possibilidade de avanço para o povo de Jesus é imitar as práticas mais que comprovadas dos discípulos de todas as eras - as práticas que lhes permitiram "ouvir e fazer", edificando a sua vida sobre a rocha. Essas práticas não são mistérios. Simplesmente são hoje desconhecidas.
Dallas Willard, A Conspiração Divina
Mais:
Dallas Willard
“Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados (...) com mansidão e temor”
(1 Pedro 3:15-16)
Quando ministramos na área de apologética, nós o fazemos como discípulos de Jesus, e, portanto, da maneira como Ele o faria. Isso significa, primeiramente, que nós o fazemos para ajudar pessoas, especialmente àqueles que querem ser ajudados. Apologética é um ministério de ajuda.
No contexto de 1 Pedro 3:8-17 os discípulos estavam sendo perseguidos por sua dedicação em promover a bondade. De acordo com o que Jesus os tinha ensinado, tal perseguição deveria ser fonte de regozijo. Essa atitude fazia com que os observavam a questionassem como os discípulos podiam estar esperançosos e alegres em tais circunstâncias. Num mundo irado, desesperançado e triste, essa questão era inevitável.
A exortação de Pedro
Por isso, Pedro exortou os discípulos a estarem “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência” (vv. 15-16), ou seja, consciência que se tem por se ter feito o que é correto.
Nossa apologética, assim, é feita como um ato de amor fraternal, sendo “prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mateus 10:16). A sabedoria da serpente está em ser oportuna, baseada em observação vigilante. A pomba, por sua vez, é incapaz de falsidade ou de enganar alguém. Assim devemos ser.
Amor àqueles com os quais lidamos será necessário para que os compreendamos corretamente e para que evitemos manipulá-los, ao mesmo tempo que desejamos e oramos intensamente para que reconheçam que Jesus Cristo é o Senhor do cosmos.
O amor também nos purificará de todo mero desejo de vitória, como também de toda presunção intelectual ou desdém para com as opiniões e habilidades dos outros. O evangelista para Cristo é caracterizado pela humildade (Colossenses 3:12; Atos 20:19; 1 Pedro 5:5), principalmente intelectual – um conceito vital do Novo Testamento que a palavra humildade por si só não expressa totalmente.
Deste modo, a chamada ao ministério de apologética não é para forçar pessoas relutantes à submissão intelectual, mas uma chamada na qual servimos aos necessitados, e, freqüentemente, àqueles que são escravos de seu próprio orgulho e presunção intelectual, muitas vezes reforçada pelo ambiente social.
Em segundo lugar, nós fazemos o trabalho de apologética como servos incansáveis da verdade. Jesus disse que Ele veio “ao mundo a fim de dar testemunho da verdade” (João 18:37), e Ele é chamado “a testemunha fiel e verdadeira” (Apocalipse 3:14).
É por isso que temos “temor” quando ministramos. A verdade revela a realidade, e a realidade pode ser descrita como aquilo com o qual nós humanos nos deparamos quando estamos errados. Quando ocorre tal colisão, sempre perdemos.
Enganos com relação à vida, às coisas de Deus e à alma humana são assunto seriíssimos, mortais. É por isso que o trabalho de apologética é tão importante. Falamos “a verdade em amor” (Ef. 4:15). Falamos com toda a clareza e racionalidade que podemos demonstrar, ao mesmo tempo contando com o Espírito da verdade (Jo. 16:13) para realizar aquilo que está muito além de nossas habilidades limitadas.
O ponto comum de referência
A verdade é o ponto de referência que compartilhamos com todos os seres humanos. Ninguém pode viver sem a verdade. Ainda que possamos discordar em pontos específicos, a fidelidade à verdade – seja ela qual for – permite que nós nos relacionemos com qualquer pessoa como honestos companheiros de investigação. Nossa atitude, portanto, não é de divisão, mas de agregação. Estamos aqui para aprender, e não somente ensinar.
Assim, sempre que for possível – ainda que por vezes, devido aos outros, não seja – nós “respondemos” numa atmosfera de investigação mútua, motivada pelo amor generoso. Ainda que possamos ser firmes em nossas convicções, não nos tornamos arrogantes, desdenhosos, hostis ou defensivos.
Por sabermos que o próprio Jesus não agiria assim, temos que reconhecer que não podemos ajudar pessoas de uma maneira arrogante. Ele não tinha necessidade disso, e nós também não. Em apologética, como em tudo, ele é nosso modelo e Mestre. Nossa confiança reside totalmente nele. Esse é o lugar especial que damos a Ele em nossos corações – a maneira com a qual “santificamos a Cristo como Senhor em nossos corações” – no ministério crucial de apologética.
Dallas Willard, Ph.D., é professor de filosofia na Universidade da Califórnia do Sul (University of Southern California) e autor de vários textos filosóficos, além de livros sobre apologética e sobre discipulado cristão.
Tradução e adaptação: Marcelo Parga de Souza
Se você perguntar o que diz o Evangelho a qualquer um dos 74% de americanos que dizem ter depositado sua fé em Jesus Cristo, provavelmente vai ouvir que Jesus morreu para expiar os nossos pecados, e que basta acreditar que ele fez isso para ir para o céu depois da morte.
Dessa forma aquilo que é apenas uma teoria da "expiação" se transforma na totalidade da mensagem essencial de Jesus. Continuando a usar uma linguagem teológica, a justificação tomou o lugar da regeneração, ou nova vida.8 Livres da responsabilidade de adequação a parâmetros divinos, tomamos posse de uma vida divina que nos é dada "lá de cima". Apesar de tudo o que se fala sobre "novo nascimento" entre os cristãos conservadores, há uma quase total falta de compreensão daquilo que o novo nascimento representa em termos práticos e da sua relação com o perdão e a justiça imputada ou transmitida.
Além disso, o acreditar que Jesus morreu por nós se define atualmente de maneiras diversas, com diferentes graus e formas de conteúdo ou combinação de elementos do credo em cada igreja ou denominação. De fato, como logo veremos, essa questão — o que é exatamente a fé salvífica - é atualmente um ponto de fervente controvérsia. Porém, já há algum tempo a crença exigida para a salvação é cada vez mais considerada um ato absolutamente privado, "só entre você e o Senhor". Somente o "scanner" detectaria.
E assim o único produto seguro da crença é que estamos "simplesmente perdoados". Estamos justificados, conceito que muitas vezes se explica dizendo que, perante Deus, é "simplesmente como se eu nunca tivesse pecado". A pessoa pode até não ter feito nada de positivo, não ter se tornado nada que mereça palavras de louvor. Mas quando chegar às portas do céu, ninguém será capaz de encontrar uma razão para mantê-la do lado de fora. O mero registro de um momento mágico de anuência mental abrirá a porta.
Na prática, sempre houve grandes dificuldades em saber com certeza se você realizou corretamente o ato mental ou privado, pois o seu único efeito essencial é uma alteração nos livros celestes, e não podemos vê-los agora. Daí nasce a disputa familiar e muitas vezes acirrada na tradição protestante para saber se você está ou não "entre os eleitos" e se vai ou não "entrar".
Segundo o entendimento da direita teológica, não há comportamento que indique inequivocamente a crença e nenhum que seja absolutamente excluído por ela. Acredita-se que a única exigência é a graça e o perdão (salvação) pela graça, "nada mais e nada menos". Insistir na necessidade de algo mais que simplesmente a fé seria acrescer "obras" à pura graça. E isso, segundo a nossa herança cultural protestante, não se pode fazer.
A ampla aceitação dessa idéia de salvação nas igrejas evangélicas e conservadores da América do Norte gerou a situação delineada acima, na qual aqueles que professam a fé cristã normalmente exibem pouca ou nenhuma diferença comportamental e psicológica em relação aos descrentes. Isso, por sua vez, gerou aquilo que se chama de debate sobre a "salvação do Senhor" entre os líderes evangélicos e seus seguidores.
Talvez não seja muito fácil compreender as questões envolvidas nesse debate, mas um breve exame delas muito fará para nos ajudar a compreender como as coisas se dão normalmente hoje em relação ao convite à vida.
Hoje um dos autores mais influentes da ala conservadora é John MacArthur. Ele defende a idéia de que você não pode ter fé "salvífica" em Jesus Cristo sem também pretender obedecer aos seus ensinamentos. Você precisa aceitá-lo como Senhor, daí o nome salvação pelo Senhor.9
Obviamente, para MacArthur você pode e deve dizer muito mais sobre um cristão do que meramente que ele está perdoado. Ele tem defendido diligentemente essa visão via exposição bíblica e análise histórica e teológica.
Respondendo a MacArthur, Charles Ryrie afirma que "o Evangelho que salva é crer que Cristo morreu pelos nossos pecados e ressuscitou dos mortos".10 "A boa nova", continua ele, "é que Cristo fez algo a respeito do pecado [expiou-o] e que Ele vive hoje para oferecer a mim o Seu perdão".
Para sustentar a sua posição, Ryrie esclarece "a questão com respeito ao Evangelho":
Parte da confusão que cerca o significado do Evangelho hoje surge talvez do não esclarecimento da questão envolvida. A questão é: como é que os meus pecados podem ser perdoados? O que é que me exclui do céu? O que é que me impede de ter vida eterna? A resposta é o pecado. Portanto, preciso resolver esse problema de algum modo. E Deus declara que a morte do Seu filho traz o perdão do meu pecado... Pela fé eu recebo a Cristo e Seu perdão. Então o problema do pecado fica resolvido, e eu tenho plena certeza de ir para o céu.11
Ryrie não dá argumentos que sustentem a sua tese de que a eliminação da culpa do pecado (e não do pecado em si, como as suas palavras parecem sugerir), para assegurar a entrada no céu após a morte, é o problema ou a questão. Ele supõe, e com acerto, que todas as partes do debate vão concordar com ele a respeito disso. Mas em face da história cristã e do texto bíblico, essa tese realmente precisa de sustentação - sustentação que não pode encontrar. A tradição cristã sem dúvida lida com a culpa e a vida futura, mas jamais as considera as únicas questões envolvidas na salvação.
Ryrie e aqueles que formam do seu lado não conseguem enxergar esse fato por causa do seu próprio modo sistemático de encarar as referências neotestamentárias à fé ou crença em Cristo e ao "Evangelho"; assim eles conseguem dar coerência à sua explicação do que está em questão.
Por exemplo, ele afirma que todas as referências de Mateus ao Evangelho do reino têm a ver com a vinda do Messias para governar a terra no Milênio. O Milênio é um profetizado período de mil anos em que o governo efetivo da terra estará sob direção pessoal de Jesus, depois da sua volta. O "reino" de que trata a boa nova é, segundo Ryrie e muitos outros, a mesma coisa que esse futuro reinado milenário - uma futura realidade política, não a atual ação da vontade de Deus na criação e em Cristo.
Será que isso estaria correto? Se substituímos reino pela expressão reinado milenário em passagens como Mt 6:33 e 8:12, certamente ficamos com frases que não fazem lá muito sentido: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reinado milenário" e "Os filhos do reinado milenário serão lançados para fora". Precisamos então explicar porque reino precisa significar algo diferente em tais passagens, enquanto supostamente significa "reinado milenário" em contextos "evangélicos" como Mt 4:17 e 9:35.
Se, por outro lado, entendemos o reino de Deus como simplesmente aquilo que Deus está efetivamente fazendo, como explicamos lá atrás, então todas as passagens dos Evangelhos que mencionam o "reino" fazem sentido, e ainda deixam espaço de sobra para tratar de futuras dimensões do reino, inclusive um reinado milenário de natureza política.
Ryrie tem tanta certeza de que o Evangelho salvífico é sobre a morte de Jesus que, no relato em que Mateus narra o episódio em que Maria Madalena unge Jesus para o sepultamento, ele simplesmente insere as palavras sobre a sua morte depois da palavra Evangelho em Mt 26:13. Assim, a passagem passa a significar, nas palavras de Ryrie, "que onde for pregada em todo o mundo a boa nova sobre a Sua morte, será também contada a boa obra de Maria Madalena ao ungi-lo já prevendo essa morte" (grifo meu).12 Mas o texto bíblico diz simplesmente: "Onde for pregado em todo o mundo este evangelho", sem indicar que é "sobre a sua morte". O Evangelho sem dúvida inclui a morte de Jesus pela humanidade, mas muito mais do que isso.
Interpretando os textos dessa forma, Ryrie e muitos outros podem fazer uma distinção entre aquilo em que você acredita para a salvação e outras coisas em que você pode acertadamente acreditar a respeito de Cristo. Embora se trate de uma distinção perfeitamente correta e útil, precisa ser usada com cuidado.
"Crer em Cristo para a salvação", diz ele, "significa confiar em que Ele pode remover a culpa do pecado e dar vida eterna [leia-se céu]. Significa acreditar que Ele pode resolver o problema do pecado [leia-se culpa], que é o que exclui a pessoa do céu."13
Há muitas e muitas coisas em que, segundo Ryrie, você pode acertadamente acreditar a respeito de Cristo, coisas em que no entanto você não precisa acreditar para ser salvo. Entre elas, estão:
Você pode acreditar que aquilo que Ele ensinou na terra é bom, nobre e verdadeiro, e de fato é... Você pode acreditar que Ele é capaz de dirigir a sua vida, e Ele com certeza é capaz disso, e quer fazê-lo. Mas essas não são questões de salvação. A questão é se você acredita ou não que a morte de Jesus expiou todos os seus pecados e que, crendo nele, você tem o perdão e a vida eterna, (p. 74)
"Quem crê, confia a Deus", explica Ryrie. "Confia o quê? O seu destino eterno. É essa a questão, não os anos que ele passa na terra" (p. 123). As questões desvinculadas da salvação "pertencem ao viver cristão" ou "estão relacionadas com a vida cristã, não com a questão da salvação". "Eu não preciso resolver questões pertencentes ao viver cristão para ser salvo." (p. 40)
A diferença entre os defensores da salvação pelo Senhor e seus críticos tem a ver com o que compõe a fé salvífica. Mas também devemos ponderar os pontos de concordância entre os dois lados. Eles concordam que perder-se ou salvar-se é exclusivamente uma questão de demérito e mérito, e concordam também acerca daquilo que a fé precisa ter para ser fé salvífica e acerca daquilo que significa ser "salvo". Esses pontos formam o cerne do Evangelho segundo a direita teológica.
Além disso, a expressão destino eterno é muito usada por todas as partes. Todos concordam que a questão em jogo é aquela que Ryrie destaca: o perdão dos pecados por causa da transferência de mérito, com a conseqüente admissão no céu após a morte. Quem está salvo tem isso, e a fé salvífica é a característica ou atitude pessoal requerida para "obter" isso. O ponto de divergência é definir o que é que salva nessa fé. Em que exatamente se deve acreditar para que essa crença efetivamente salve?
MacArthur concorda com os seus críticos em que a questão em jogo na salvação é o perdão e o destino eterno. Se ele não concordasse, não haveria nenhuma discordância significativa; os dois lados simplesmente estariam falando de coisas diferentes. MacArthur estaria dizendo que para ter A (salvação) você precisa ter B (fé no Senhor), e os seus críticos estariam respondendo: "Não, para ter C (outra 'salvação') você não precisa ter B".
Ligada a essa concordância sobre que a questão na salvação é apenas "céu ou inferno" está a concordância sobre que ser salvo é uma condição forense ou legal e não uma realidade ou um caráter vital. Ninguém está nessa condição "salva" até que Deus o declare assim. Não entramos nessa condição por algo que nos aconteça, ou em virtude de uma realidade que tome lugar na nossa vida, ainda que essa realidade seja o próprio Deus. O debate então é a respeito do que deve ser verdadeiro a nosso respeito antes que Deus declare que estamos na condição salva.
Por fim, os dois lados concordam que ir para o céu após a morte é o único alvo dos esforços divinos e humanos pela salvação. O alvo é aquilo a que visam esses esforços, e não um subproduto ou conseqüência natural de outra coisa qualquer.
Mas obtemos um retrato totalmente diferente de salvação, fé e perdão se consideramos que o alvo é ter a vida do reino dos céus agora - a vida eterna. As palavras e os atos de Jesus sugerem naturalmente que isso é de fato salvação, tendo como partes naturais o discipulado, o perdão e o céu futuro. E nisso ele apenas dá continuidade à doutrina do Antigo Testamento. Toda a tradição bíblica, do princípio ao fim, diz respeito ao íntimo envolvimento de Deus na vida humana - ou então ao afastamento de Deus da vida humana. Essa é a alternativa bíblica para a vida de agora. "O Senhor abomina o perverso", resume o provérbio, "mas aos retos trata com intimidade" (Pv 3:32).
Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado para justiça, diz-nos a Bíblia (Gn 15:6). Em que Abraão acreditava para que Deus o declarasse justo? Será que ele acreditava que Deus lhe havia proporcionado a expiação dos pecados? Nada disso. A narrativa deixa bem claro que Abraão acreditava que Deus lhe daria um filho homem, um herdeiro, e por intermédio desse filho uma multidão de descendentes que possuiriam a terra que lhe fora prometida. Ele tinha fé em Deus, é claro, mas em relação a coisas da sua existência terrena.
Ele acreditava que Deus se relacionaria com ele no presente - como fizeram aqueles que mais tarde se reuniram em torno de Jesus. Ele chegou até a ter a ousadia de perguntar a Deus como ele poderia saber que a promessa de um herdeiro seria cumprida. Em resposta, Deus o mandou preparar animais para o sacrifício. Abraão obedeceu e depois aguardou a ação de Deus (Gn 15:8-11). Ele aguardou que Deus materializasse fogo "do nada". Deus agiu a partir do espaço circundante, da atmosfera - ou seja, do "primeiro céu" da Bíblia. Essa foi a resposta à pergunta de Abraão. Bem mais tarde "Visitou o Senhor a Sara" e Isaque foi concebido (Gn 21:1).
Diante de tamanha fé, Deus declarou Abraão justo. Será que isso significa que ele declarou que Abraão iria para o céu quando morresse? Não exatamente isso, mas certamente que os pecados e as faltas do patriarca não iriam separá-lo de Deus no presente e no seu contínuo relacionamento durante a vida.
Mas será que ele iria para o céu quando morresse? Claro que sim! Que mais faria Deus com uma pessoa como essa? Eles eram amigos, fato bem destacado na Bíblia (2Cr 20:7; Is 41:8; Tg 2:23), assim como devemos ser amigos de Jesus mergulhando na sua obra (Jo 15:15). Nenhum amigo de Deus irá para o inferno. Jesus aliás nos assegurou de que "quem der a beber ainda que seja um copo de água fria a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão" (Mt 10:42).
Com certeza o perdão e a reconciliação são essenciais a qualquer relacionamento em que tenha havido ofensa, e também ao relacionamento entre nós e Deus. Não podemos entrar sem perdão numa nova vida que nos vem do alto. Com certeza é Cristo que possibilita essa transição, e também o perdão, por meio de sua vida e morte. Precisamos nos reconciliar com Deus, e ele conosco, se pretendemos conviver. Mas essa reconciliação envolve muito mais do que o perdão dos nossos pecados ou a limpeza da nossa folha corrida. E a fé e salvação de que fala Jesus obviamente é uma realidade muito mais positiva do que a mera reconciliação. As histórias de Abraão e outros personagens bíblicos ilustram belamente isso.
A questão, no tocante ao evangelho que encontramos nos Evangelhos, é se estamos vivos ou mortos para Deus. Será que mantemos com ele um relacionamento interativo que constitui uma nova vida, vida "do alto"? Como diz o apóstolo João na sua primeira carta, "Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida" (1Jo 5:11-12).
O que precisa ser enfatizado em tudo isso é a diferença que há entre, de um lado, confiar em Cristo, a verdadeira pessoa de Jesus, com tudo aquilo que isso naturalmente envolve, e de outro, confiar em alguma providência para a remissão dos pecados estabelecida por meio dele - confiar somente no seu papel de removedor da culpa. Confiar na verdadeira pessoa de Jesus é ter confiança nele em cada aspecto da nossa vida; é acreditar que ele está certo a respeito de todas as coisas, que ele é adequado a todas as coisas.
Ryrie comenta com relação ao uso do termo "evangelho" nos Evangelhos de Marcos e Lucas, que "Nosso Senhor é o tema central da boa nova".14 E isso sem dúvida nenhuma está correto. Mas ele e muitos outros não vêem diferença entre dizer isso e afirmar que "O Evangelho é a boa nova sobre a morte e ressurreição de Cristo" - ou que isso denote uma providência para o perdão dos pecados, providência essa que torna Cristo, aquele que vive hoje, simplesmente irrelevante para a nossa existência atual.
Essa irrelevância daquilo que Deus faz para com aquilo que compõe a nossa vida é a falha fundamental na vida das multidões que hoje professam a religião cristã. Eles foram levados a crer que Deus, por alguma razão insondável, simplesmente acha bom transferir para a nossa conta os méritos da conta de Cristo e também apagar as dívidas do nosso pecado, depois de inspecionar a nossa mente e descobrir que acreditamos que uma determinada teoria de expiação é verdadeira — mesmo que confiemos em tudo menos em Deus nas outras questões que nos dizem respeito.
Impossível explicar como alguém pode confiar em Cristo com vistas à vida futura sem fazê-lo já para esta vida, confiar nele com vistas ao destino eterno sem ter essa mesma confiança em relação às "coisas ligadas à vida Cristã". Como isso seria possível? Simplesmente não há como! Não numa única vida.
Resumindo tudo, "o evangelho" para Ryrie, MacArthur e outros ligados à direita teológica é que Cristo tomou a "providência" que pode nos levar ao céu. Nos Evangelhos, por outro lado, "o evangelho" é a boa nova da presença e disponibilidade da vida no reino, agora e para sempre, pela confiança em Jesus o Ungido. Essa foi também a fé de Abraão. Como disse Jesus, "Abraão alegrou-se por ver o meu dia" (Jo 8:56).
Não é de admirar que a única definição de vida eterna encontrada nas palavras que temos de Jesus é: "E a vida eterna é esta: que [seus discípulos] te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17:3). Isso pode soar para nós como "mero conhecimento intelectual". Mas o "conhecimento" bíblico sempre denota um relacionamento íntimo, pessoal, interativo.
Assim o profeta fala em nome de Deus dizendo a Israel: "De todas as famílias da terra somente a vós outros vos conheci" (Am 3:2)*. E Maria, respondendo à declaração do anjo de que ela teria um filho, pergunta: "Como será isto, pois não conheço homem algum?" (Lc 1:34).** Obviamente Deus tem conhecimento sobre outras famílias da terra, assim como Maria tem conhecimento sobre os homens. A vida eterna de que fala Jesus não é conhecimento sobre Deus, mas um relacionamento íntimo e interativo com ele.
* A tradução ARA traz "vos escolhi" em lugar de "vos conheci". (N. do T.)
** A ARA traz "não tenho relação com homem algum" em lugar de "não conheço homem algum". (N. do T.)
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NOTAS:
8. Na verdade, essa substituição tem como pano de fundo a "absorção da cristologia na soteriologia", na linguagem de Karl Barth. Há uma perda total de qualquer interesse cristológico na preocupação com a minha própria salvação ou com a salvação da sociedade. (Ver "Demythologization - Crisis in Continental Theology", de Peter Berger, em European Intellectual History Since Darwin and Marx, organizado por W. W. Wagar [Nova York: HarperTorchbooks, 1966], p. 255.) Os "Evangelhos da administração do pecado" supõem um Cristo desincumbido de outra obra de peso além da redenção da humanidade. À direita, eles favorecem os "cristãos-vampiros", que só querem um pouco de sangue para os seus pecados, porém nenhuma relação a mais com Jesus até o céu, quando terão de se unir a ele. À esquerda, favorecem o farisaísmo de uma hipocrisia social mais ou menos brutal.
9. MacArthur, Gospel According to Jesus, p. 28.
10. Ryrie, Go Great Salvation, p. 40. Ver também Zane C. Hodges, Absolutely Free! (Grand Rapids: Zondervan, 1989). Ver, em Balancing the Christian Life (Chicago: Moody Press, 1969, p. 64 e passim), uma apresentação da visão de Ryrie sobre a santificação ou vida cristã, e o indispensável papel que a ação humana exerce nela.
11. Ryrie, So Great Salvation, p. 40.
12. Ibid., p. 38.
13. Ibid., p. 119.
14. Ibid., p. 39.
Dallas Willard, A Conspiração Divina. Editora Mundo Cristão
O Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) lançou uma campanha de arrecadação de livros para estimular a formação de acervos bibliográficos. As obras serão utilizadas por detentos e funcionários públicos de estabelecimentos prisionais e casas de custódia do Estado de São Paulo.
De acordo com a coordenadora geral do Instituto, Luciana Zaffalon, e o diretor Fábio Tofic, que coordenam o projeto, serão incluídas as penitenciárias, hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, bem como as cadeias públicas e centros de detenção provisória de São Paulo.
“Nosso objetivo é viabilizar a estruturação de bibliotecas, estimulando a doação de livros como forma de cristalizar o direito à educação e ao conhecimento e de concretizar uma efetiva integração social, assim como possibilitar um cumprimento mais digno das penas”, explicam.
Luciana Zaffalon destaca que o IDDD será responsável por difundir os objetivos da campanha e pela arrecadação dos livros doados, assim como pela seleção das obras, para depois encaminhá-las aos estabelecimentos prisionais. A distribuição será bimestral e pode ser acompanhada pelos doadores pelo site do IDDD, que disponibilizará as informações sobre as instituições atendidas, datas de entrega e os locais que receberam os livros.
Doação de livros
Os livros deverão ser encaminhados para a sede do IDDD, na Avenida Liberdade, 65, conjunto 1101 – São Paulo, SP.
As doações podem ser feitas a qualquer momento e a distribuição do material arrecadado acontecerá bimestralmente. Os livros podem ser jurídicos ou não. Mas a preferência é por livros se relacionem a temas lúdicos, bem como os dedicados às artes e didáticos.
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail: iddd@iddd.org.br ou pelo telefone (11) 3107-1399
Fonte: Conjur
O Guia do Rebelde Para a Alegria 10 Vídeos |
Title | The With-God Life: Renovare International Conference (Unabridged) |
Author | Renovare International Conference |
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No Line on the Horizon (...) é um dos trabalhos com mais referências explícitas à fé cristã já gravado pela banda. A colunista de religião do Chicago Sun-Times, Cathleen Falsani, referiu-se ao disco como “talvez a mais dinâmica música gospel que eu já ouvi” e “um trabalho de música gospel - gospel no sentido literal de boas novas - para pessoas de todas as crenças ou nenhuma.”
Notas:
“Avoid silly myths, but train your people in godliness.” This is complex because you can take one idea and teach it in a way that is irreverent or teach it in a way that leads to godliness.
Take the recession. In Dallas, you have creative teams who get together to teach their people about debt. You title a series, “Debt is dumb.” “Worship leader, write a song on ‘Debt is dumb.’ I’ve written a sermon series on ‘Debt is dumb.’”
The preacher gets up and says, “Listen, here is the problem with debt. You’re not happy. You’re marriage is difficult. Listen, do you want to be homeless? Do you want your mom to drive you around? Debt is dumb. On your way out, we have a bumper sticker that says, ‘Debt is dumb.’”
That’s Christless, expounding on nothing. Okay, now I’m not against topical preaching as long as it’s done exegetically.
How about we stand in our pulpits and say, “In Christ and his cross I’ve been set free from finding my identity in things and have been saved to use the creation to further God’s kingdom.”
Paul is pleading with Timothy to train his people in godliness. The gospel reveals the former errors.
"A Shepherd and His Unregenerate Sheep"
2009 Desiring God Conference for Pastors
February 3, 2009
Full message @: http://www.desiringgod.org/ResourceLibrary/MediaPlayer/3571/Video/
Manuscript: Read this message
O Matt Chandler eh pastor da 1a igreja Batista de Highland Village ( www.thevillagechurch.net ) em Dallas, que eh o centro do evangelicalismo americano. Dallas eh onde esta localizado um dos maiores seminarios do mundo eh la (Dallas theological Seminary) e por essa e outras razoes, a cultura e bem influenciada pelo "evangelicalismo". O problema eh que no Texas, todo mundo eh cristao. O bebado na rua eh cristao, o cara com 2 uma esposa e 3 namoradas eh cristao, o universitario que sai com todas eh cristao, o cara que nao vai a igreja ha anos nao tem sua membresia revogada e assim vai.
O Matt Chandler foi parar la "de paraquedas". A igreja era super debil ( no verdadeiro sentido da palavra) com varias aberracoes, doutrina divergente da dele, mas Deus o colocou la aos 28 anos de idade. Pra encurtar a estoria, nos ultimos 5 anos a igreja passou de 400 membros a quase 8 mil sem "truque" nenhum. Tudo que ele faz eh pregar expositivamente atraves dos livros da Biblia. Em 2006 a igreja cresceu 1000 pessoas enquanto ele pregava no livro de Hebreus e a maior batalha dele naquele lugar eh que ele primeiro tem que mostrar pras pessoas que elas nao sao salvas pra que elas possam ver a necessidade que elas tem de Cristo. O problema eh que todo mundo la "eh salvo desde criancinha" e ninguem sabe o que eh o evangelho. la o evengelho eh: Meus pais sao crentes, eu dou aula na escola dominical ha 10 anos, eu sou uma boa pessoa, eu aceitei a Jesus aos 8 anos de idade e etc...O Matt eh, em minha opiniao, um dos melhores comunicadores da atualidade na lingua inglesa. Alem disso, ele tem uma habilidade de comunicar o evangelho a jovens (20 a 35 anos + -) que eu nunca vi igual. Enfim, vale a pena ouvir o irmao pregando.
Marcelo, na comunidade Paul Washer.
Existe alguma igreja assim em Goiânia?
O povo nem sempre acerta. Tanto que o clamor popular, no exemplo mais extremado, preferiu Barrabás, embora o outro indicado fosse claramente melhor. Se não houve a possibilidade de compensar o entusiasmo do voto pela punição dos criminosos, poderemos incorrer no erro de eleger uma desproporcional maioria de delinquentes. Por isso, o Judiciário tem o poder de julgar. Julgar todos, em condições de igualdade. Sem conflito.Walter Ceneviva,